Guia Volta a Portugal 2024

   

A prova mais amada pelos portugueses começa hoje nas ruas de Águeda, 85ª edição.

A primeira edição foi à 94 anos e o vencedor foi Augusto de Carvalho, ciclista do Carcavelos, que percorreu 1965 quilómetros divididos em 18 etapas. Na altura haviam três categorias, Forte, Fracos e Militares e alguns representavam clubes.

“Foi o ciclismo, e não o futebol, que espalhou a mística dos três grandes clubes por todo o país” Guita Júnior, jornalista desportivo

A Volta regressaria 4 anos mais tarde, com José Maria Nicolau e Alfredo Trindade a encarnarem a rivalidade entre Benfica e Sporting. Nos anos 40 seria o FC do Porto a dominar a prova e assim nascia a enorme rivalidade que até aos dias de hoje existe entre os três clubes.

Os ciclistas portugueses dominam a lista de vencedores com 60 vitórias, mas na última década o domínio tem sido espanhol. Desde 2004, das 13 edições disputadas, 10 foram conquistadas por ciclistas do país vizinho, com destaque para as 5 vitórias de David Blanco, que faz dele o recordista de vitórias.

História

últimos 10 vencedores

2010 David Blanco (ESP) Palmeiras Resort–Prio
2011 Ricardo Mestre (POR) Tavira–Prio
2012 David Blanco (ESP) Efapel–Glassdrive
2013 Alejandro Marque (ESP) OFM–Quinta da Lixa
2014 Gustavo Veloso (ESP) OFM–Quinta da Lixa
2015 Gustavo Veloso (ESP) W52–Quinta da Lixa
2016 Rui Vinhas (POR) W52–FC Porto
2017 Amaro Antunes (POR) W52-FC Porto
2018 Jóni Brandão (ESP) Sporting/Tavira

2019 João Rodrigues (POR) W52-FC Porto

2020 /edição especial/  Amaro Antunes (POR) W52-FC Porto

2021 Amaro Antunes (POR)W52-FC Porto

2022 Mauricio Moreira (URU) Glassdrive/Q8/Anicolor

2023 Colin Stussi (Sui) Team Vorarlberg

Percurso

 24/07 Prólogo-Águeda-Águeda-5.6 Km
 25/07 Etapa 1-Anadia-Miranda do Corvo-158.2 Km
 26/07 Etapa 2-Santarém-Lisboa-164 Km
 27/07 Etapa 3-Crato-Covilhã-161.2 Km
 28/07 Etapa 4-Sabugal-Guarda-164.5 Km

  29/07 Dia de descanso
 30/07 Etapa 5-Penedono-Bragança-176.8 Km
 31/07 Etapa 6-Bragança-Boticas-169.1 Km
 01/08 Etapa 7-Felgueiras-Paredes-160.4 Km
 02/08 Etapa 8-Viana do Castelo-Fafe-182.4 Km
 03/08 Etapa 9-Maia-Mondim de Basto-170.8 Km
 04/08 Etapa 10-Viseu-Viseu-26.6 Km

Como é tradição o percurso da Volta a Portugal não é propriamente muito dócil para os velocistas e este ano não exceção, poucas oportunidades e mesmo as que há tem as suas ratoeiras.

A prova está dividida em duas partes, a primeira é a mais dura com a presença o Observatório de Miranda do Corvo, a Torre e a chegada traiçoeira a Guarda. A segunda parte é marcada pelo visita a Trás-os-Montes e a tradicional chegada ao Monte Farinha no penúltimo dia.

A prova termina com um contrarrelógio de 26,6 Km na cidades das rotundas, Viseu.

Perfis

 24/07 Prólogo-Águeda-Águeda-5.6 Km

A abrir temos o habitual prólogo que vai fazer as primeiras diferenças, pequenas e nada demais. O percurso é no centro de Águeda, bastante técnico com muitas viragens.

 25/07 Etapa 1-Anadia-Miranda do Corvo-158.2 Km

Ao segundo dia temos a primeira chegada em alto, ao Observatório Vila Nova em Miranda do Corvo. O dia é tranquilo até aos últimos 30 Km, onde primeiro sobem o Senhor da Serra, serve de aquecimento para a subida ao Observatório, 10 Km a 8,2, dos 6,5 aos 8 Km as percentagens não descem dos 12%.

Subida dura, que pode marcar diferenças importantes.

 26/07 Etapa 2-Santarém-Lisboa-164 Km

Dia para sprinters, a única da primeira parte da prova. Etapa que decorre na lezíria ribatejana, potencial para uma bela sesta.

 27/07 Etapa 3-Crato-Covilhã-161.2 Km

Uma das etapas mais decisivas, chegada à Torre pela vertente da Covilhã. Ao contrário do ano passado, os organizadores abandonaram a ideia de 'unipuerto' e desta vez colocaram alguma dureza antes da Covilhã. São três subidas de 3ª categoria que adiciona um pouco de fadiga ao dia.

 28/07 Etapa 4-Sabugal-Guarda-164.5 Km

Etapa serrote com uma chegada durinha à capital de distrito mais elevada do país, a Guarda. Nos últimos anos este perfil de chegada de etapa tornou-se um clássico e costuma ser dos dias mais engraçados da prova.

Os últimos 3 Km são a 6,3% e deverão existir diferenças, os últimos 500 metros são praticamente a 10%.

A vitória será entre a fuga e os homens da geral.

 30/07 Etapa 5-Penedono-Bragança-176.8 Km

A Volta passa das Beiras para Trás-os-Montes mas terreno ondulado não muda. A chegada a Bragança não é propriamente muito complicada, mas o percurso é rompe-pernas que beneficia o sucesso de uma fuga forte.

 31/07 Etapa 6-Bragança-Boticas-169.1 Km

Etapa totalmente transmontana, numa das zonas com melhor comida do país. Em termos de ciclismo a etapa também tem um menu apetitoso com um percurso de sobe e desce constante.

Quando o pelotão chegar pela primeira vez a Boticas a 25 Km da meta, os ciclistas têm de subir Torneiros, 4,7 Km a 8,3%, o topo está a 17 Km da meta em Boticas.

 01/08 Etapa 7-Felgueiras-Paredes-160.4 Km

Apesar de algumas subidas curtas nos últimos 40 Km, esta etapa é uma oportunidade para os sprinters. No entanto, uma fuga também pode ter hipóteses, tudo depende como estarão as forças das equipas dos sprinters.

 02/08 Etapa 8-Viana do Castelo-Fafe-182.4 Km

Etapa que parece feita para os velocistas mas não é assim tão linear, exatamente este percurso fez parte das edições de 2021 e 2022, a fuga venceu em 21 e em 22 nem todos os sprinters sobreviveram, a etapa foi ganha por Langelotti que não é propriamente um velocista. A prova passa pelo Gerês, uma das zonas mais bonitas do país, o final em Fafe é antecedido com uma subida de 4ª categoria em Golães, ascenção muito curta mas extremamente empinada.

 03/08 Etapa 9-Maia-Mondim de Basto-170.8 Km

Mais uma vez o Santo Graal do ciclismo português é o palco da etapa rainha. São 171 Km sem terreno plano, um sobe e desce constante e os últimos 100 Km são um autêntico pesadelo para os ciclistas, Serra do Marão, Velão, Barreiro e claro Senhora da Graça.

A Senhora da Graça ou Monte Farinha para os menos religiosos, não tem segredos. É um dos dias sagrados do desporto português, todos os anos milhares de portugueses deslocam-se até Mondim de Bastos para comer, beber e ver os ciclistas subirem o Santo Graal.

 04/08 Etapa 10-Viseu-Viseu-26.6 Km

Contrarrelógio individual na capital das rotundas, Viseu. São 26,6 quilómetros com algum sobe e desce, mas nada demais, dia para os especialistas brilharem.

Pode ser o dia das grandes decisões, o contra-relógio final na Volta a Portugal costuma ter um peso decisivo na consagração.

Etapas-chave

- Etapa 1: vai-se saber quem está na Volta para lutar pela vitória.

- 3ª etapa, chegada à Torre, primeiro teste na montanha.

- 9ª etapa, a sequência Marão, Velão, Barreiro e Senhora da Graça podem criar o caos.

- Contrarrelógio individual final.

Lista de participantes 

Aqui

Favoritos

Geral Individual

A edição do ano passado marcou uma alteração, as equipas estrangeiras conseguiram equilibrar e até superiorizarem-se às portuguesas. Será que foi um ano atípico ou é mesmo uma tendência que veio para ficar?

Colin Stussi

O suíço preparou esta temporada tendo em vista a defesa do título da Volta a Portugal. Começou o ano com calma, ao longo dos meses a forma tem melhorado, foi 13º na Volta à Austria que é um excelente sinal.

È um ciclista muito completo, sobe bem e é bastante competente no contra-relógio.

Maurício Moreira

Venceu em 2022 mas no ano passado colapsou por completo na montanha. Este ano parte como candidato novamente, este ano em todas as provas que correu mostrou competitividade.

A receita deve ser a mesma de 2022, aguentar na montanha e vencer a prova no contra-relógio.

Frederico Figueiredo

Lesionou-se nos campeonatos nacionais e desde aí não sabemos muito sobe o seu estado. De qualquer forma é um dos melhores escaladores do pelotão português e seria surpreendente não o ver forte na montanha.

Continua a ter um grande problema, o contra-relógio.

Artem Nych

A terceira carta da Sabgal, no papel é a melhor equipa, no ano passado chegou a liderar a prova. É um ciclista bastante completo que tem evoluído bastante e os resultados mostram isso. A regularidade dele também merece ser mencionada, não é o melhor trepador nem o melhor contrarelogista, mas é muito competente nas duas coisas.

António Carvalho

A Volta é o jardim do Carvalho, pode não estar a fazer uma grande temporada mas chega a Volta e é quase certo que vai andar bem. O historial fala por si, duas vezes pódio e sete top-10.

Bom escalador e defende-se muito bem no contra-relógio, mais uma vez é candidato ao pódio.

Afonso Eulálio

É a segunda carta da ABTF Betão – Feirense, foi 2º no GP Torres de Vedras onde venceu a etapa rainha e foi 5º na Volta às Astúrias. Tem 22 anos, é um dos ciclistas mais talentosos do pelotão português, pode ser o ano de afirmação dele na Volta, no ano passado já andou bem como gregário do António Carvalho.

Henrique Casimiro

Outro ciclista que na Volta se transcende. Salvo alguma anormalidade estará entre os 10 primeiros, o pódio é uma missão complicado, no ano passado esteve quase até ao fim na luta.

A temporada do alentejano não tem sido grande coisa.

Abner Gonzalez

Outra opção da equipa de José Azevedo. È um ciclista que andou pelo World Tour e nessa altura correu a Volta com a Movistar onde foi melhor jovem e terminou em 6º.

Excelente escalador mas que deve perder tempo no contra-relógio.

José Felix Parra

Excelente escalador, está a fazer uma temporada interessante principalmente nas últimas semanas. Já sabe como é correr a Volta a Portugal, foi 7º em 2021 onde brilhou muito na montanha.

A Kern-Pharma tem uma equipa muito interessante.

Jonathan Caicedo

Mais um ciclista que passou pelo World Tour (EF), atualmente corre na Petrolike, equipa mexicana que tem muita qualidade para a montanha.

Em condições normais seria um candidato ao pódio, mas é muito irregular e numa prova de 11 dias esse fator pesa muito.

Diego Camargo

Tal como o seu colega Caicedo, Camargo andou pelo World Tour (EF) e este ano regressou às Américas. Acaba de ser 2º na Vuelta a Colombia, é mais regular que Caicedo e por esse motivo é mais confiável.

Jesus Del Pino

Líder da Louletano, tem um grande problema que é o contra-relógio. Terminou em 10º lugar no ano passado, este ano vai procurar melhorar este resultado, para isso vai ter de

Outros ciclistas a seguir:

Tyler Stites/Scott McGill

A dupla do Project Echelon Racing, McGill regressa a Portugal com o objetivo de repetir as duas vitórias que conquistou em 2022.

Em relação a Stites, é um corredor completo que anda bem em qualquer terreno. Candidato ao top-10 ou será um caça-etapas?

Alex Molenaar

Outro ciclista muito interessante que tem feito uma temporada muito boa, inclusive já venceu em solo português.

Temos algumas dúvidas que consiga estar com os melhores na Torre e Senhora da Graça, mas no ano passado também tínhamos dúvidas que Stussi podia estar com os melhores e esteve.

Joan Bou/Mikel Bizkarra/Luis Angel Mate

A mesma dúvida que temos de Molenaar, será que Joan Bou consegue estar com os melhores na alta-montanha?

Ciclista de qualidade, acaba de ser 2º na Clásica Terres de l´Ebre.

Mikel Bizkarra é um dos ciclistas mais experientes em prova, pode brilhar na montanha.

Sobre Luis Angel Mate há muito para dizer, 40 anos, última temporada como profissional, no ano passado venceu uma etapa e foi 5º na geral. Vai ser complicado repetir a prestação, mas certamente vai tentar ser competitivo, ele gosto bastante da Grandíssima.

Abel Balderstone/Daniel Babor

Por falar na Clásica Terres de l´Ebre, o vencedor também vai estar presente na Volta a Portugal. Mais um que está no clube de Molenaar e Bou, dúvidas se consegue estar consistentemente com os melhores na montanha.

Se Balderstone pode ser a aposta da Caja Rural para a geral, Daniel Babor é a aposta para os sprints, sabe como é ganhar na Volta a Portugal.

Emanuel Duarte/Luis Fernandes

Emanuel Duarte há uns anos foi uma das revelações da Volta e teve praticamente certo no WT, depois estagnou um pouco. Mas este ano parece ter dado o passo em frente, venceu o GP 'O Jogo' e tem estado relativamente bem na maioria das provas que entrou.

Luis Fernandes foi a deceção do ano passado, depois de em 2022 ter sido dos mais fortes. Este ano espera regressar aos bons resultados. Não tem feito uma temporada brilhante.

Luis Gomes

Ciclista explosivo e que também tem sprint, inclusive já venceu a classificação de pontos numa edição. Tem diversas etapas para as suas caracteristicas.

Rafael Reis/Julius Johansen

Rafa Reis é o principalmente favorito a vencer o prólogo. Provavelmente o grande adversário é o colega de equipa Julius Johansen.

Delio Fernandez

No ano passado venceu na Torre e liderou a prova até que colapsou em Montalegre. Este ano focou toda a temporada na Volta a Portugal, mais um candidato ao top-10.

João Matias-César Martingil-Leangel Linarez

Se a dupla Matias-Linarez já era muito forte, eis que a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua juntou Martingil ao comboio.´

Nas etapas ao sprint são a equipa que podem dominar.

Joaquim Silva/Keegan Swirbul/Tiago Antunes

Se no papel a Sabgal parece a melhor equipa, atenção à Efapel que além de ter Casimiro e Abner Gonzalez também tem este trio de excelentes ciclistas. 

★★★★★ Stussi

★★★★ Carvalho, Moreira

★★★ Gonzalez, Nych, Figueiredo

★★ Caicedo, Eulálio, Casimiro, Parra, Camargo

★ Molenaar, Fernandez, Stites, Bou

A nossa aposta: Colin Stussi

Focou a temporada na Volta a Portugal, na Volta à Áustria mostrou um nível interessante contra concorrência World Tour. 

Joker: Afonso Eulálio

22 anos de muito talento. Temos fé que este é o ano da completa afirmação.

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TV: https://www.rtp.pt/play/direto/rtp1

Nota: Não haverão antevisões das etapas.