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Amore Infinito 102


Dias depois do Tour ter apresentado a edição 2019, foi a vez do Giro a revelar o percurso da edição do próximo ano e ao contrário do Grande Boucle, não desiludiu.
A primeira impressão foi positiva e analisando mais ao detalhe as expectativas confirmaram-se. É um percurso equilibrado e bem desenhado que mantém a bitola alta das últimas edições que foram as melhores provas de 3 semanas das respectivas épocas, superando Tour e Vuelta.

Mapa e tabela do percurso:




Em traços gerais, a edição de 2019 fará a seguinte ronda por Itália:
- Bologna
- Toscania
- Região costeira de Lázio
- Puglia
- Abruzzo e Marche
- San Marino (CRI)
- Emilia-Romagna
- Piemonte/Alpes/Valle d'Aosta
- Lombardia/Alpes
- Trentino-Alto Ádige/Veneto/Dolomitas

Bolonha é o cenário da primeira etapa, um contrarrelógio curto com final no Santuário de San Luca, o mesmo final que todos os anos vemos no Gir del'Emilia. É uma subida curta mas muito dura que podem fazer pequenas diferenças, são 2 Km a 9,4% e também muito carismática já que é marcada pelos 666 arcos do pórtico mais longo do mundo, que vai desde a Porta Saragoza até ao topo.
A Toscania será  protagonista das duas etapas seguintes, com as chegadas a Fucecchio e Orbetello serem adequadas a velocistas, embora a segunda etapa tenha um dificuldade a menos de 30 Km onde podem haver ataques. 
Ao quarto dia, a região costeira de Lázio será o pano de fundo, um dia 'rompe-pernas, com constante sobe e desce e um final numa curta subida em Frascati, é um dia para os puncheurs. A quinta etapa volta a ser ao longo da costa até Terracina, com a primeira parte a ter alguma dureza, mas a depois o terreno torna-se praticamente plano, ideal para as equipas dos sprinters controlarem a corrida. A sexta etapa atravessa Itália da costa oeste para a costa leste, o dia começa em Cassino e termina em San Giovanni Rotondo, num dia ideal para ciclistas atacantes. O final é marcado com a subida a Coppa Casarinelle, que tem o topo colocado a 13 Km da meta.
A sétima etapa segue para norte e interior, parte da cidade de Vasto na costa adriática  e termina na capital de Abruzzo, L'Aquila. A etapa tem 180 Km de extensão, 120 deles relativamente fáceis, a partir daí o terreno torna-se mais duro, ideal para ataques. A oitava etapa vai ser percorrida exclusivamente ao longo da costa, o vento pode ser um factor a ter em conta, parte em Tortoleto Lido e termina em Pesaro na região de Marche, num dia para velocistas.
Para fechar a primeira parte da prova, um contrarrelógio em San Marino que está longe de ser plano.

Depois do descanso, o Giro regressa com uma etapa completamente plana, que será integralmente percorrida pela Emilia-Romagna, entre duas cidades das cidades mais importantes e históricas da região: Ravenna, a cidade dos mosaicos e Modena, a cidade do vinagre balsâmico. A prova desloca-se ainda mais para oeste, parte de Carpi e chega a Piemonte mais concretamente a Novi Ligure, em mais um dia para os velocistas.
A 12ª etapa é apenas um pequeno aquecimento, são apenas 146 Km, para a montanha que se seguirá. O perfil da etapa desilude, com a principal dificuldade do dia, Montoso, a ter o seu a topo a 32 Km da meta em Pinerolo. A 13ª etapa é o primeiro grande dia de alta-montanha, com chegada a Ceserole Reale, que não é mais que o Colle del Nivolet, mas mais curto. A 14ª etapa é curta e visita uma das regiões mais belas dos Alpes, o Vale de Aosta. A principal dificuldade do dia é o Colle San Carlo. E para fechar a segunda parte do Giro, a RCS decidiu inovar e colocar uma etapa que faz lembrar o Giro da Lombardia, inicio em Ivera e o final em Como, é também a mais longa.

A terceira parte/semana começa com aquela que é a etapa rainha desta edição. Começa em Lovere e conta com 4 contagens de montanha, entre elas o Gavia e o Mortirolo, o final é em Ponte di Legno. A 17ª etapa visita os Dolomitas, com mais um final em alto, em Antholz. A única oportunidade para os velocistas nesta fase aparece na etapa seguinte, 220 Km entre Vadaora/Olang e Santa Maria di Sala. No antepenúltimo dia a etapa não é das mais duras, mas com o cansaço acumulado de quase 3 semanas, a subida final a San Martino di Castrozza pode fazer diferenças.
A última etapa de montanha tem mais de 5200 metros de subida acumulada, começa em Feltre e termina no Monte Avena.
Esta edição não tem uma etapa da consagração, a organização preferiu voltar a colocar no último dia um contrarrelógio. Desta vez decorrerá em Verona e está longe de ser plano, com a subida de Torricelle a meio do percurso a endurecer o percurso.

Os números da 102ª edição

Km Total: 3518,5 Km
Média de Km por etapa: 167,5 Km
Contrarrelógios: 3 individuais, 58,5 Km no total
Etapas de alta montanha: 5
Etapas de média dificuldade/transição: 7
Etapas planas: 6
Chegadas em alto: 7
Subida acumulada: +/- 46500 metros 

Montanha

A montanha está concentrada nas últimas duas semanas da prova. A primeira parte desta edição não tem montanha que possa fazer diferenças significativas, o contrarrelógio em Bolonha no primeiro dia é o dia que podem haver algumas diferenças entre os homens da geral.
Muitos afirmam que esta é a edição mais dura dos últimos anos, mas se formos analisar o total de metros de subida acumulada, ficamos um pouco desiludidos:

dados retirados do @velofacts e Giro d'Italia
No entanto, não se deve apenas olhar ao total de subida acumulada sem ter em conta o posicionamento e o desenho das etapas de montanha. Esta edição tem um percurso muito interessante, a 2ª semana impressiona pela dureza e a 3ª semana podia ser melhor, mas tem no menu a etapa rainha.

13ª etapa



Este é o primeiro teste a sério na alta-montanha. No menu estão três contagens de montanha distribuídas por 188 Km, traduz-se em 4500 de subida acumulada.
- Colle del Lys (1294 m, 13.7 Km a 6.8%, Km 49.2),
- Pian del Lupo (1408 m, 14.6 Km a 7.0%, Km 126.6),
- Lago Serrù (2244 m, 34.0 Km a 4.8%, Meta).

A chegada contempla uma visita ao Colle del Nivolet, no entanto, os ciclistas não subirão até ao topo, ficam-se pelo Lago Serrù. Oficialmente a a organização apenas considera o inicio da subida em Noasca, no entanto, a subida na realidade começa logo após a descida do Pian del Lupo, em Pont Canavese. São cerca de 45 Km de subida.

14ª etapa


Etapa curto, com apenas 131 Km de extensão, mas com 4000 metros de subida acumulada. Conta com 5 contagens e todas elas menos a última que coincide com a meta, tem uma inclinação média acima dos 7%.
- Verrayes (1009 m, 6.7 Km a 7.9%, Km 14.1), 
- Verrogne (1599 m, 14.0 Km a 7.2%, Km 51.1), 
- Truc d'Arbe (Combes) (1256 m, 7.9 Km a 7.3%, Km 75.3), 
- Colle San Carlo (1946 m, 10.4 Km a 9.7%, Km 105.8), 
- Courmayeur (1287 m, 7.5 Km a 3.1%, Meta).
A subida mais dura e aquela que fará mais estragos, é o Colle San Carlo. São mais de 10 Km a 9,8% de inclinação média. O topo fica a 26 Km da meta, sendo que a última ascensão é bastante suave, o que quer dizer que a diferença terá de ser feita antes.
 
15ª etapa
Esta etapa é uma das grandes novidade da edição deste ano. A organização quis replicar o Giro da Lombardia e para isso criou um percurso com mais de 237 Km com o seguinte menu: Madonna del Ghisallo, Colma di Sormano, Civiglio, San Fermo e chegada a Como.

16ª etapa




Esta é a etapa rainha, são mais de 5700 metros de subida acumulada em 226 Km. Contempla 4 contagens de montanha, entre elas o Gavia e o Mortirolo, que é a última contagem do dia, o topo está a 28 Km da meta.
- Passo della Presolana (1286 m, 11.1 Km a 5.8%, Km 27.9), 
- Croce di Salven (1105 m, 8.8 Km a 4.1%, Km 44.7), 
- Passo Gavia (2608 m, 16.3 Km a 8.0%, Km 130.5), 
- Passo del Mortirolo (1859 m, 11.6 Km a 11.3%, Km 197.0).

Os últimos 16 Km são em ligeira subida, a diferença terá de ser feita antes. As descidas também são muito importantes.
 O Passo di Gavia é uma das subidas históricas do Giro. É um monstro, nesta edição será abordado pela vertente de Ponte di Legno, são 16,5 Km a 8% de inclinação média. No entanto, os ciclistas começam a subir a sério bem antes, desde Edolo (Km 90).
O Passo de Mortirolo é uma das subidas mais duras que já foram realizadas em provas no ciclismo profissional. São quase 13 Km a 10,1% de inclinação média. A secção do 3,5 aos 9,7 Km é simplesmente brutal, com 12,2%, com uma rampa a 18%, que é a máxima da subida.
A parte mais fácil da subida são os primeiros 1000 metros.

17ª etapa


Não é das etapas mais duras, mas pode fazer diferenças, sobretudo por ser um dia ideal para emboscadas.
- Passo della Mendola (1367 m, 11.1 Km a 5.1%, Km 43.0), 
- Naz-Natz (884 m, 5.1 Km a 6.3%, Km 117.3), 
- Terento/Terenten (1228 m, 6.1 Km a 7.7%, Km 136.7), 
- Anterselva (1637 m, 10.2 Km a 5.4%, Meta).

A etapa termina em Anteselva, no coração dos Dolomitas. A chegada não é das mais duras, são 9,6 Km a 5,5%.

19ª etapa


Etapa um pouco há imagem da 17ª, não sendo das mais duras, está armadilhada e quem estiver desatento pode perder tempo. Conta com 3 contagens de montanha.
- Santa Maria della Vittoria (357 m, 4.9 Km a 4.8%, Km 22.2),
- Passo San Boldo (687 m, 6.2 Km a 7.1%, Km 66.7),
- San Martino di Castrozza (1461 m, 13.3 Km a 5.6%, Meta).
San Martino di Castrozza é palco do final de etapa. São 13,6 Km a 5,6%, os dias acumulam-se nas pernas e por isso quem passar mal, pode perder tempo importante.

20ª etapa
Último dia de alta montanha, são 5200 metros de subida acumulada em 193 Km. São 4 contagens de montanha no menu.
- Cima Campo (1411 m, 20.0 Km a 5.7%, Km 33.0),
- Passo Manghen (2019 m, 21.8 Km a 7.3%, Km 84.3),
- Passo Rolle (1973 m, 20.9 Km a 4.5%, Km 139.7),
- Passo Croce d'Aune (1224 m, 14.3 Km a 5.4%, Meta).

Depois do Cima Campo, aparece o passo Manghen, uma subida dolomitica, muito dura com os seus 19 Km a 7,6% de inclinação média. Quem quiser arriscar de longe, pode fazer aqui, é a subida mais dura do dia.
O mau tempo que tem assolado a o norte de Itália, causou estragos importantes na estrada que se sobe para o Manghen. Têm 7 meses para recuperarem a subida para este Giro.
Mais uma subida dolomitica. Esta mais 'suave' com os seus 20,6 Km a 4,7%.
O Monte Avena é a última oportunidade dos trepadores fazerem a diferença. A subida tem 13,5 Km de extensão a 6,3%, é bastante irregular, com rampas muito empinadas e algumas zonas de descanso.

Contrarrelógios

3 contrarrelógios individuais, que perfazem um total de 58,5 Km. Nenhum deles é totalmente plano.

Para abrir o Giro, a organização decidiu colocar um contrarrelógio curto com final no Santuário de San Luca. Percurso marcado pelos os últimos 2 Km a 9,4%, que podem fazer diferenças logo no primeiro dia.
Novo crono individual na 9ª etapa, os primeiros 22 Km são praticamente planos. Desde Faetano, o terreno complica-se e até San Marino, é quase uma cronoescalada, salvo uma parte a partir dos 30 Km, onde há uma descida curta.
É um crono que penaliza os levezinhos na primeira parte e os beneficia nos últimos 12 Km.
Verona, a cidade de Romeu e Julieta, foi a escolhido para final da 102ª edição do Giro d'Italia. Desta vez, o último dia não é uma etapa de consagração. Trata-se de um contrarrelógio individual de 15,6 Km com a ascensão de Torricelle (4.0 Km a 4.9%) a meio do percurso.

Avaliação Final 

Pontos Negativos
  • Primeira parte/semana, sem grandes motivos de interesse, a não serem os dois contrarrelógios;
  • As 17ª e 19ª etapas, desiludem um pouco. As chegadas a Anteselva e San Martino Castrozzaa não convencem;
  • Na 12ª etapa entre Cuneo e Pinerolo, não se entende como a subida a Montoso (8,9 Km a 9,4%) é desperdiçada. A organização escolheu este dia para homenagear Fausto Coppi, podiam ter desenhado uma etapa bem melhor para o acontecimento;
  • Falta uma etapa de sterrato.
Pontos Positivos
  • 13ª, 14ª e 16ª etapas com finais em Lago di Serrù, Courmayeur e Ponte di Legno, têm muito boa pinta;
  • Finalmente Nivolet está no Giro, mesmo que não seja na sua totalidade;
  • A distribuição dos contrarrelógios;
  • Etapas longas (9 acima dos 200 Km);
  • A 15ª etapa, que emula o percurso do Giro da Lombardia;
  • O último dia em Verona, não é apenas passeio;


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