Um percurso que não encanta!
Confesso que a minha primeira reação no final da apresentação do Tour 2019, foi boa. Passado uns dias e analisando o percurso mais ao pormenor, a minha opinião mudou um pouco.
Não o acho uma abominação como já li por aí, nem sequer mau, no entanto também não o considero bom. Em termos globais temos o seguinte percurso:
- Etapa inaugural em Bruxelas
- Contrarrelógio coletivo em Bruxelas
- Norte de França
- Vosgues
- Maciço Central
- Pirenéus (inclui contrarrelógio individual em Pau)
- Riviera Francesa
- Alpes
- Paris
Como se pode ver, o Oeste de França este ano foi ignorado, uma situação normal, já que noutros anos são outras regiões a não receberem a caravana. Em relação à sequência, a colocação do contrarrelógio coletivo é surpreendente e desajustada, era preferível colocá-lo no primeiro dia.
A primeira etapa tem um perfil difícil de explicar, a prova visita o mitico Kapelmuur antes dos 50 Km de prova e a mais de 100 da meta, o Bosberg está colocado a seguir. Estas duas dificuldades basicamente não servem para nada, estão ali só para se dizer que a edição de 2019 passou por lá.
O norte de França serve de transição da Bélgica para os Vosges, onde está colocada a primeira etapa de montanha com final na La Planche de Belles Filles.
A etapa que termina em Chalon-sur-Saône além de ser a mais longa da prova com os seus 230 Km, serve para ligar os Vosges ao Maciço Central, onde não há nenhuma etapa de montanha, mas no cardápio estão etapas com constante sobe e desce, ideal para o sucesso de fugas.
Seguem-se os Pirenéus, com três dias de montanha (falaremos no próximo tópico) e pelo meio há um contrarrelógio numa das cidades mais ligadas à prova, Pau. A Riviera Francesa servirá de transição para os Alpes, que será o palco das últimas batalhas dos homens da geral.
Montanha
A montanha do Tour 2019 tem uma característica que difere das últimas edições, a altitude. Nos últimos 10 anos, é a edição com mais ascensões acima dos 2000 metros de altitude:
Edição 2018, montanhas acima dos 2000 metros:
Vars (2 109 m), Tignes (2 113 m), Tourmalet (2 115 m), Izoard (2 360 m), Val Thorens (2 365 m), Galibier (2 642 m) e Iseran (2 770 m).
Em relação a acumulado, não há nenhuma etapa que passa os 5000 metros. Das 7 etapas de montanha, aquela que tem maior acumulado é a 18ª, que inclui Vars, Izoard e Galibier, com um final em descida em Valloire.
1ª semana
A primeira semana tem um dos dias mais interessantes de toda a prova, nos Vosgues. No menu está o Ballon d'Alsace, Chevrères e termina numa nova vertente da La Planche de Belles Filles, com uma rampa a 25% e possivelmente terra batida.
Perfil 6ª etapa |
Altimetria de La Planche de Belles Pilles |
2ª semana - Pirenéus
Na segunda semana, o principal palco serão os Pirenéus. A 12ª etapa etapa é a primeira etapa na cordilheira que separa a peninsula Ibérica do resto da Europa.
É uma das etapas mais mal desenhadas desta edição, uma abominação. Duas subidas duras (Peyresourde e Hourquete d'Ancizan) depois de mais de 100 quilómetros planos, o topo da última fica a 30 Km da meta.
Perfil da 12ª etapa |
Depois do contrarrelógio de Pau, temos a chegada ao lendário Tourmalet. Uma etapa que ainda tem no menu o Col du Soulor a meio. Saúda-se o regresso da chegada ao Tourmalet, porém a etapa é demasiado curta e não é muito dura, a subida acumulada não passa os 3000 metros.
Altimetria do Torumalet |
Perfil da 15ª etapa |
Altimetria de Prat d'Albis |
3ª semana - Alpes
Em comparação com os Pirenéus, o bloco de etapas no Alpes tem mais potencial. A 18ª abre as hostilidades nas montanhas alpinas e é uma das etapas mais bem desenhadas desta edição.
Apesar de não terminar em alto, o dia fica marcado por três contagens de montanha duras e acima dos 2000 metros de altitude, a última é o Galibier, que tem o topo a menos de 20 Km da meta, que são feitos em descida até Valloire.
Perfil da 18ª etapa |
Das etapas nos Alpes é aquela que menos entusiasmo me causa.
Perfil da 19ª etapa |
A última de montanha do Tour 2019, mais uma vez peca por ser demasiado curta. Tal como o dia anterior, no menu estão três contagens, mas a grande diferença está na última subida final. O Val Thorens é um monstro que esteve esquecido pela ASO cerca de 20 anos. São mais de 33 Km a 5,5% de inclinação média.
Perfil da 20ª etapa |
Altimetria de Val Thorens |
Contrarrelógios
Há dois contrarrelógios, um coletivo e o outro é individual. O primeiro está colocado na 2ª etapa, é difícil de explicar o porquê deste posicionamento. É um crono curto para os parâmetros, com apenas 28 Km.
O contrarrelógio individual está colocado a meio da segunda semana, depois da primeira etapa nos Pirinéus. Também é demasiado curto, são apenas 27 Km, para os parâmetros de uma grande volta é manifestamente pouco. O perfil está longe de ser plano, o que ajuda os levezinhos a limitar perdas.
Perfil do CRI (13ª etapa) |
Nos últimos 30 anos, apenas a edição de 2015 teve menos quilómetros de contrarrelógio individual, com apenas 14 Km.
Avaliação final
Pontos Negativos
- A primeira etapa é um completo desastre, a Flandres não é aproveitada;
- A colocação do contrarrelógio coletivo na segunda etapa na Bélgica;
- O contrarrelógio individual é demasiado curto. Não precisava ser um crono de 50 Km, 35 a 40 Km já era suficiente;
- A sequência de etapas nos Pirenéus é uma desilusão, com um contrarrelógio pelo meio;
- Etapas de montanha demasiado curtas (3 não passam os 135 Km de extensão):
- Não há uma etapa que passa os 5000 metros de subida acumulada, vai contra aquilo que a ASO anda a propagar, que este Tour é um dos mais duros de sempre;
- Não há uma etapa com mais do que 3 contagens de 1 categoria e HC;
- A etapa que termina em Bagnères-de-Bigorre é uma das etapas mais mal desenhadas que me lembro numa Grande Volta. A que termina em Tignes também desilude.
Pontos Positivos
+ Diminuição de etapas para sprinters e a colocação delas é mais dispersa ao longo da prova;
Pontos Negativos
- A primeira etapa é um completo desastre, a Flandres não é aproveitada;
- A colocação do contrarrelógio coletivo na segunda etapa na Bélgica;
- O contrarrelógio individual é demasiado curto. Não precisava ser um crono de 50 Km, 35 a 40 Km já era suficiente;
- A sequência de etapas nos Pirenéus é uma desilusão, com um contrarrelógio pelo meio;
- Etapas de montanha demasiado curtas (3 não passam os 135 Km de extensão):
- Não há uma etapa que passa os 5000 metros de subida acumulada, vai contra aquilo que a ASO anda a propagar, que este Tour é um dos mais duros de sempre;
- Não há uma etapa com mais do que 3 contagens de 1 categoria e HC;
- A etapa que termina em Bagnères-de-Bigorre é uma das etapas mais mal desenhadas que me lembro numa Grande Volta. A que termina em Tignes também desilude.
Pontos Positivos
+ Diminuição de etapas para sprinters e a colocação delas é mais dispersa ao longo da prova;
+ Uma primeira semana mais variada em relação a outras, apesar dos dois primeiros dias serem uma abominação e não haver pavé. Etapas de Épernay, Colmar e do Maciço Central não são planas;
+ O regresso de uma chegada ao Tourmalet;
+ 7 contagens acima dos 2000 metros de altitude;
+ A nova vertente de La Planche de Belles Filles. Além disso a etapa em si, está bem desenhada com o Ballon d'Alsace e Chevrières a antecederem a subida final;
+ A etapa que termina em Prat d'Albis, a melhor
+ A etapa do Galibier. Apesar de não terminar em alto, está bem desenhada;
+ O último palco de montanha é um monstro, o Val Thorens
+ O regresso de uma chegada ao Tourmalet;
+ 7 contagens acima dos 2000 metros de altitude;
+ A nova vertente de La Planche de Belles Filles. Além disso a etapa em si, está bem desenhada com o Ballon d'Alsace e Chevrières a antecederem a subida final;
+ A etapa que termina em Prat d'Albis, a melhor
+ A etapa do Galibier. Apesar de não terminar em alto, está bem desenhada;
+ O último palco de montanha é um monstro, o Val Thorens
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