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Ciclismo africano, qual o futuro?


No passado domingo, terminou a 8ª edição do Tour du Rwanda, prova marcada pelo muito público presente nas bermas das estradas. As imagens do mar de gente a assistir ciclismo no Rwanda, tornou-se viral nas redes sociais, de tal forma que o campeão do mundo, Peter Sagan reagiu ao fenómeno e elogiou a paixão dos ruandeses.
Em termos competitivos, a prova foi dominada pelos africanos, até porque o nível competitivo dos corredores de outras paragens era baixo. Porém, é indesmentível que a qualidade do ciclismo africano tem aumentado, com destaque para os ciclistas Eritreus, com destaque para as participações de Daniel Teklehaimanot e Merhawi Kudus nas Grandes Voltas, através da primeira e única equipa africana do World Tour, a sul-africana, Dimension-Data.
Até há bem pouco tempo, a África do Sul era o único país africano, capaz de produzir ciclistas com qualidade suficiente para estar entre a elite mundial, nomes como, Robert Hunter ou David George são o exemplo disso. Entretanto, o país mais setentrional do continente, já encontrou alguém para lutar por top-10's nas grandes voltas, é ele, Louis Meintjes, que este ano acabou o Tour, no 8º lugar da geral. Além de Meintjes, destaque para os irmãos Van Rensburg e Daryl Impey, ciclistas com grande qualidade e já consolidados no World Tour. 
O crescimento do ciclismo Eritreu, vem provar que em África, não só a África do Sul pode criar ciclistas para competir com os melhores. E com a paixão pelo ciclismo, demonstrada pelas gentes do Ruanda, a modalidade só poderá  melhor no continente africano.

O futuro?
O grande entrave para que o ciclismo evolua em África, é a instabilidade política que constantemente está envolto uma parte do continente. A modalidade necessita de estradas seguras, é que treinar ou disputar provas, em zonas onde decorrem conflitos é complicado, como é óbvio.
Os quenianos e etíopes, sobretudo atletas naturais destes dois países, já provaram ao mundo que é possível ao continente africano dominar num determinado desporto. O domínio dos africanos nas provas de fundo de atletismo ao longo das últimas décadas, demonstra que África pode e deve ter legitimas ambições noutras modalidades e o ciclismo é uma delas, só têm de criar condições para tal, coisa nada fácil de conseguir.
África merece uma oportunidade, pelo menos a paixão dos africanos pela bicicleta, parece haver, ao contrário de outras zonas do globo, onde são organizadas provas da categoria máxima e mundiais, os ciclistas passam e as estradas estão completamente vazias. Ainda há uns dias, o jornal britânico, The Guardian, publicou um artigo muito interessante sobre a paixão pelo ciclismo que há na República Democrática do Congo, podem ver aqui.

O número de provas em África ainda é pequeno, comparativamente a outros continentes. E praticamente todas as provas UCI, são do nível mais baixo (1.2 ou 2.2), a única com categoria 2.1, é a La Tropicale Amissa Bongo.
De entre as provas africanas, destaca-se uma pela, sua história, que já é alguma. Tour du Faso (Burkina Faso), organizada pela mesma entidade da Volta à França, a poderosa e temida ASO. Disputa.se desde 1987 e tem tido a presença constante de alguns ciclistas europeus, nos últimos anos, em menor quantidade, devido aos problemas que assolam o país africano.
A prova tem tanto carisma, que já se fizeram documentário sobre a mesma:


Dimension Data
A única equipa africana do escalão máximo, foi criada através do projeto da Fundação Qhubeka, que não é mais que uma instituição sem fins lucrativos, que doa bicicletas para o programa de caridade da World Bicycle Relief.
Este ano, a equipa contou com um dos melhores sprinters do mundo, Mark Cavendish, que venceu 4 etapas na maior prova de ciclismo do mundo, o Tour.  Estas vitórias não são apenas da equipa, são também do continente africano e motivam a que cada vez mais miúdos africanos peguem na bicicleta em África. Assim como o, Eto'o, Yaya Touré ou Drogba um dia foram inspirados por Abidi Pelé, Roger Milla e George Weah e conseguiram se tornar dos melhores do mundo, quem sabe se daqui a 10 anos não estaremos a falar de ciclistas africanos que chegaram ao topo e inspiraram-se em Daniel Teklehaimanot e Merhawi Kudus.
Será que um dia veremos um Africano a vencer uma Grande Volta ou um monumento? Talvez, de uma coisa tenho a certeza, já esteve mais longe.


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