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Portugal, do apogeu dos 90`s até 2014

Até meados dos anos 90 a emigração de ciclistas portugueses para correr no estrangeiro foi quase nula. Joaquim Agostinho, Alves Barbosa, Marco Chagas, Paulo Ferreira, Acácio da Silva e o malogrado Ribeiro da Silva são talvez os nomes mais sonantes e com resultados de maior relevo além-fronteiras. Uns mais que outros brilharam lá fora, mas se perguntarmos a um mero adepto da modalidade quem foi Paulo Ferreira muitos não saberão que ganhou uma etapa no Tour por exemplo, já quanto aos restantes, são consagrados da modalidade e conhecidos à luz do povo. 
Mas centrando-nos em tempos mais recentes, nos anos 90 existia em Portugal um grande número de provas durante o ano, as equipas portuguesas iam mais ao estrangeiro competir, nomeadamente a Espanha, a Volta a Portugal era atractiva para as equipas internacionais (Banesto, Festina, Lampre, Mapei p.e.), em pleno contraste com a realidade actual.

A grande fornada de ciclistas desses anos teve nomes como Joaquim Gomes, José Azevedo, Vítor Gamito, Cândido Barbosa e Orlando Rodrigues nomeadamente. Muitos deles com resultados brilhantes lá fora, sobretudo Azevedo, não conseguindo porém ganhar a Grandíssima, foi fiel de Beloki e depois de Armstrong na Once e na US Postal respectivamente. Cândido Barbosa foi um papa etapas na Volta, Orlando foi fiel gregário de Indurain e ainda teve tempo de vencer duas Voltas, Joaquim Gomes era um extraordinário trepador ganhou também duas Voltas e fica o amargo de boca de nunca ter ido para o estrangeiro pois crê-se que seria bem capaz de subir com os melhores. Quanto a Gamito, talvez o mais promissor e mais completo, ganhou uma Volta, colecionou um póquer de segundos e faltou-lhe a sorte de menos quedas e menos azares. Esteve em Espanha dois anos, na MX Onda e Estepona, onde era o líder da equipa, mas o azar perseguiu-o com quedas e regressou a Portugal de onde não mais saiu. Fez a Volta em 2014 para a despedida dos adeptos, depois de ver a sua carreira abruptamente terminada em 2004, por um diagnóstico, que pelos vistos estaria errado.

Quintino Rodrigues (Recer Boavista) e Orlando Rodrigues (Banesto)
A partir de meados dos anos 2000, ansiava-se a chegada de mais talento, parecia que este escasseava na mesma proporção que escasseavam as provas e o interesse das equipas estrangeiras em correr cá. Chegou Nuno Ribeiro, deu espetáculo na Volta 2003 ganhou sem apelo nem agravo, 3º em 2004, vai para a Liberty Seguros, ex-Once, levando consigo a nova coqueluche, Sérgio Paulinho, depois da Prata em Atenas nos JO. Parecía que o ciclismo nacional começava a encarreirar nos atletas, ao invés, financeiramente começava a descarrilar.

Nuno Ribeiro regressa a Portugal, envolto num suposto controlo positivo antes do Giro 2005, que mais tarde se viria a provar inexistente, Paulinho não se afirmava como líder mas sim como aguadeiro. Até que aparece Rui Costa em 2007. Promovido de imediato à equipa principal do Benfica, ganha o Giro delle Regioni em Itália, das mais importantes provas do calendário sub-23, faz 2º em 2008, nesse mesmo ano faz 2º na Volta a França do Futuro e top 10 nas duas provas do mundial de sub 23. De imediato Eusébio Unzué diretor da Movistar leva-o para Espanha. Em Portugal despontavam outros bons valores, Vitor Rodrigues era o de maior palmarés, Tiago Machado, Nélson Oliveira e André Cardoso, hoje já no World Tour, talvez fossem os três seguintes na hierarquia.

Rui Costa foi trilhando o seu caminho, impondo-se num pais com uma cultura difícil, num bloco fortíssimo, e no seu epílogo conta com três Voltas à Suiça, caso inédito, um Campeonato do Mundo e três etapas no Tour como grandes êxitos do poveiro, que felizmente têm sido em grande número.
Em Portugal, o nível competitivo não é o mais elevado e aquele que os adeptos mais gostariam, orçamentos baixos, poucas provas, e demasiados atletas para tão poucas equipas. Ainda assim tendo em conta que somos um país tão pequeno e com as dificuldades já enunciadas, há bastante talento. Edgar Pinto e Ricardo Vilela (novos emigrantes para 2015), António Carvalho, Joni Brandão, Rafael Silva, Rafael Reis, Frederico Figueiredo, Joaquim Silva ou Ruben Guerreiro, entre outros, são nomes com condições para num futuro próximo serem também eles emigrantes, caso tenham essa oportunidade, pois qualidade não lhes falta.

Rui Costa no pódio, com a camisola de campeão do mundo
Ainda assim houve quem se perdesse na bruma da falta de orçamento e condições, Vitor Rodrigues ou Carlos Baltazar são disso exemplo, emigrantes mas fora da bicicleta.
Por último realçar o trabalho e dedicação à modalidade ao longo destes tempos de homens como Serafim Ferreira (já falecido, organizador do GP Jornal Noticias), José Santos, Manuel Zeferino, Américo Ferreira, Carlos Pereira ou Manuel Correia têm tido porque sem eles o presente e o futuro eram ainda mais negros.

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