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Desaparecidos em combate-Parte I (Grand Tours 2000-2014)



Ao longo dos anos muitos têm sido os ciclistas que têm conseguido um pódio em grandes voltas e nos 5 monumentos (serão abordados na parte II) mas posteriormente eclipsam-se pelos mais diversos motivos. Olhando para os tempos mais recentes, a viragem do século, surgem vários nomes que se encontram nestas condições.
Olhando primeiramente às 3 grandes voltas, há casos flagrantes, Unai Osa 3º Giro 2001, depois de dois anos antes ter ganho o Tour de L`Avenir, Osa era visto como o sucessor de Indurain que os espanhóis tardavam a encontrar, porém nunca se conseguiu afirmar depois disso, em 2003 conseguiu um top 10 na Vuelta, mas muito pouco para quem prometia tanto. Giro 2002, Pietro Caucchioli foi 3º e a partir daí contou apenas com outro top 10 no Giro. Em 2003, Giro, Yaroslav Popovych é 3º dando água pelas barbas a Garzelli na discussão do 2º lugar, fazendo isto aos 23 anos, é contratado no final da época seguinte pela super poderosa Discovery Channel para ser o líder no pós-Armstrong, sem nunca ter conseguido um resultado ao seu nível transformou-se num mero aguadeiro. 
Giro 2004, Damiano Cunego e Serhiy Honchar, o primeiro admito que seja polémico estar neste texto, mas nunca mais fez um pódio numa grande volta, apartir desse Giro onde venceu a geral e impressionou com 4 vitórias de etapa. De ano para ano os resultados têm sido cada vez menos satisfatórios, nunca confirmou todo o potencial demonstrado nesse Giro por isso, está nesta lista. O segundo, havia sido campeão mundial de contra-relógio em 2000, mas sobretudo isso, era um muito bom na luta contra o tempo, não era um voltista.


Damiano Cunego aniquilou a concorrência no Giro de 2004 com 4 vitórias de etapa, em grandes voltas nunca mais repetiria nada semelhante, os melhores resultados apareceram nas clássicas
Giro 2005, José Rujano, acompanhando Simoni e Savoldelli nas montanhas, logrando mesmo vitórias em etapas, o pequeno venezuelano saiu para uma equipa europeia e até ao dia de hoje nunca mais foi lembrado nas grandes voltas. Em 2006, José Enrique Gutiérrez, 2º no Giro, nem antes nem depois foi conhecido, a sua carreira resume-se a este resultado. 2007, Eddy Mazzoleni no Giro, bom trepador, mas nunca um grande trepador, conseguiu ser 3º nesse ano. 2008, Marzio Bruseghin, bom contra-relogista, razoável trepador, fez nesse Giro o resultado da sua vida. 2010, David Arroyo, consegue uma fuga daquelas à antiga de muitos minutos, levando-o à rosa, foi ainda ultrapassado por Basso e fez 2º, teve também neste Giro um super resultado tendo em conta o que nos habituou depois. Para finalizar o Giro, Thomas de Gendt em 2012, até então sobretudo um combativo e bom contra-relogista, conseguiu um resultado brilhante, lembrando-nos sempre a penúltima etapa do Stelvio em que deu show, mudou de equipa recentemente, mas desde esse pódio nunca mais deu nas vistas.

No Tour, ano 2002 Raimondas Rumsas, então na Lampre, faz 3º seguindo com os melhores nas montanhas, dois anos antes já havia ganho na Lombardia e feito 5º na Vuelta, depois deste pódio tudo o que conseguiu foi o título de campeão…da Lituânia. Em 2006, o caso talvez mais sonante, Oscar Pereiro, ciclista espanhol que ainda jovem havia passado pela Porta da Ravessa, chega ao Tour para ajudar Valverde, que com uma queda abandona prematuramente, uma participação normal até à ultima semana, próximo do top-10, o que conseguiu por mais que uma vez nas 3 grandes voltas, Pereiro vê-se numa fuga de largos minutos e apanha a amarela. Posteriormente, viria a perdê-la para Floyd Landis, mas fruto da desclassificação do americano por doping, é proclamado vencedor do Tour 2006. Apartir daí, apenas um 10º lugar noutro Tour foi o melhor que conseguiu.
Tour 2008, Bernard Kohl, austríaco, dois anos antes havia sido 3º no Dauphiné, a antecâmara do Tour e já aí havia causado boa impressão, a partir deste pódio nunca mais se falou de Kohl por bons motivos.


Oscar Pereiro de amarelo no Tour de 2006
Na Vuelta os casos também são em grande número, já não falando de Angel Casero que foi 2º em 2000 e 1º em 2001 que nunca conseguiu impor-se depois disso nem em Espanha nem fora dela, há o estranho caso de Aitor Gonzalez que vence a Vuelta em 2002, batendo Heras e Beloki os super-espanhóis de então, já depois de ter feito top-10 no Giro desse ano, via-se em González o que os espanhóis ansiavam, um corredor à imagem de Indurain, fazia a diferença no CR e segurava-se na montanha. Saiu em 2003 para a milionária Fassa Bortolo sem espaço na Kelme que via em Sevilla o futuro, não vingou, regressou à Euskadi em 2005, ainda ganhou a Volta à Suiça nesse ano mas pouco para um ciclista da sua valia. Em 2003 Isidro Nozal faz 2º batido por Heras no penúltimo dia na crono-escalada de Abantos. No ano seguinte foi gregário de Heras na mesma Vuelta e não mais saiu desse papel até ao fim dos seus atribulados dias de ciclista.
Santi Perez em 2004 é outro exemplo de um resultado estupendo e a queda em desgraça, protagonizou momentos memoráveis nessa Vuelta atacando Heras em tudo o que inclinava, fez 2º mas a partir daí não mais foi o mesmo, ainda correu em Portugal mas nunca mais aquele nível. Em 2006, Vinokourov ganha a Vuelta suplantado um super Andrey Kashechkin, que prometia muito, foi 3º, mas a partir daí grandes resultados foi coisa que não teve mais. Mosquera e Velits, respetivamente 2º e 3º em 2010, são mais dois bons exemplos, o primeiro já em fim de carreira, o segundo na pole-position de uma longa carreira nunca mais tiveram grandes resultados. Mosquera já não voltará a ter, Velits quem sabe.
2011 e 2013. Cobo e Horner, o primeiro ganha brilhantemente a Vuelta batendo Chris Froome, o segundo não menos brilhante, vence também a prova batendo o 'tubarão', Vincenzo Nibali. Cobo nunca mais teve um grande resultado, tendo até emigrado para a América do Sul para se tentar reencontrar, já Horner, venceu já depois dos 40 anos, um feito inédito, mudou-se para a Lampre, mas uma época muito azarada retirou-lhe protagonismo, para o próximo ano voltará a correr nos Estados Unidos, fora das luzes da ribalta da Europa.


Juanjo Cobo, a caminho da vitória no Angliru e na classificação geral da Vuelta 2011
Nota-se assim que estas surpresas de resultados são bem mais comuns no Giro e na Vuelta do que no Tour. A meu ver porque as grandes figuras apostam na prova francesa e abrem espaço para as outras duas promoverem mais os outsiders, esses que depois de um bom resultado tanto no Giro como na Vuelta tentam ir “às feras”, ao Tour e “embatem” de frente na realidade dos melhores e mais completos ciclistas, tornando difícil a sua afirmação por este ou aquele motivo, salvo alguns casos, os melhores do mundo, claro!

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