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Guia da Volta à Flandres 2023

 

Dia santo na Flandres, na estrada estará a 107ª edição da Volta a Flandres. Esta prova é a preferida de muita gente que acompanha de perto ciclismo, porque realmente é única, com um ambiente especial e que resume bem o significado que tem o ciclismo nesta zona do globo.

Os seus inúmeros Hellingen's, que nós por cá traduzimos como colinas ou muros, com pavé à mistura e a quilometragem a rondar os 270 quilómetros (este ano mais curta) faz desta clássica uma das mais duras do calendário velocipédico mundial.

São seis os ciclistas que partilham o maior número de vitórias na prova, com três vitórias cada um temos: Achiel Buysse (1940, 1941 e 1943), Fiorenzo Magni (1949, 1950 e 1951), Eric Leman (1970, 1972 e 1973), Johan Museeuw (1993, 1995 e 1998), Tom Boonen (2005, 2006 e 2012) e Fabian Cancellara (2010, 2013 e 2014).

Em termos de ranking de vitórias por país, o grande dominador é sem grande surpresas, a Bélgica:
1.Bélgica-69
2.Itália-11
3.Países Baixos-12
4.Suiça-4
5.França-3
6.Alemanha-2
6.Dinamarca-2
7.Reino Unido-1
7.Noruega-1 
7.Eslováquia-1     

A partida e a chegada tem variado ao longo da história da prova, até ao anos 70, a partida tinha sido sempre realizada da cidade de Gent, 
aqui ficam a diferentes variantes utilizadas ao longo dos anos:
1913-Gent – Mariakerke
1914-Gent – Evergem
1919–1923 Gent – Gentbrugge (Arsenal)
1924–1927 Gent – Gent (pista)
1928–1941 Gent – Wetteren
1942–1944 Gent – Ghent (pista)
1945–1961 Gent – Wetteren
1962–1972 Gent – Gentbrugge
1973–1976 Gent – Meerbeke
1977–1997 Sint-Niklaas – Meerbeke
1998–2011 Brugges – Meerbeke
2012-2016 Brugges - Oudenaarde
2017-2022 Antuérpia - Oudenaarde
2023 Brugges - Oudenaarde


História

Em 1913 a principal prova era a Volta à Bélgica, sendo que a Liège-Bastogne-Liège e as outras provas de um dia ainda não tinham atingido grande popularidade. A revista Sportwereld ao assistir à vitória de Odile Defraye na Volta à França de 1912, decidiu que era tempo de se criar uma grande prova na Flandres, Karel van Wijnendaele um dos fundadores da revista organizou a 1ª edição.
A Volta à Flandres desde cedo esteve fortemente ligada à identidade da Flandres, a intenção era concorrer e contrabalançar o domínio francês e da Valónia no ciclismo. Este facto, politizou a prova e fez com que uma grande parte das equipas francesas não participassem na mesma. Desta forma o pelotão não contou com os melhores corredores da época.

A primeira edição foi ganha por Paul Deman, num sprint de um grupo de cinco. No total participaram 37 corredores que iniciaram a jornada épica de 324 quilómetros, após Van Wijnendaele proferir a seguinte expressão: "Heeren, vertrekt!". Os primeiros completaram a prova em 12 horas, 3 minutos e 10 segundos.
Em 2017, Philippe Gilbert protagonizou uma das cavalgadas solitárias mais memoráveis da história da prova, ao isolar-se a mais de 50 quilómetros da meta no Oude Kwaremont e nunca mais foi apanhado. Nos últimos três anos a prova foi decidida num sprint por um grupo reduzido, Mathieu van der Poel bateu Wout Van Aert em 2020, perdeu com Kasper Asgreen em 2021 e recuperou o título em 2023.

últimos vencedores
2012 Tom Boonen (Bel) Quick Step
2013 Fabian Cancellara (Swi) RadioShack-Leopard-Trek
2014 Fabian Cancellara (Swi) Trek Factory Racing
2015 Alexander Kristoff (Nor) Team Katusha
2016 Peter Sagan (Svk) Tinkoff 
2017 Philippe Gilbert (Bel) Quick-Step Floors
2018 Niki Terpstra (Hol) Quick-Step Floors
2019 Alberto Bettiol (Ita) EF  
2020 Mathieu van der Poel (Ned) Alpecin-Fenix
2021 Kasper Asgreen (Den) Deceuninck-QuickStep
2022 Mathieu van der Poel (Ned) Alpecin-Deceuninck

Percurso

Brugges - Oudenaarde (273,4 Km)


O percurso deste ano tal como nas últimas edições tem como ponto crucial a combinação Oude Kwaremont e Paterberg,
Oude Kwaremont abre as hostilidades com 100 Km percorridos. O Paterberg será transposto por duas ocasiões, a segunda será a última subida do dia, enquanto que o Oude Kwaremont este ano também será ultrapassado por duas vezes. A principal seleção deverá ser na primeira passagem pela sequência, Oude Kwaremont+Paterberg, a cerca de 55 Km do final e repete-se bem no final da corrida, com o Paterberg a ser a última subida do dia, a 14 Km da meta.


Depois da primeira passagem pela sequência do Kwaremont+Paterberg aparece uma sequência de subidas decisiva que continuará a selecionar, inclui o Koppenberg, Steenbeekdries, Taaienberg e Kruisberg.



A pouco mais de 18 Km começa a sequência final Oude Kwaremont + Paterberg. Este é a última seleção que definirá quem irá disputar a vitória.
Os 13,5 Km finais são 1,5 Km de descida do Paterberg e 12 Km planos até Oudenaarde.


Aqui ficam os 19 muros (Oude Kwaremont e Paterberg repetem):

Subidas
1. Korte Ast (500 m a 4,3%)
2. Oude Kwaremont (2.200 m a 4%)
3. Kortekeer (1.000 m a 6,2%)
4. Eikenberg (1.500 m a 4, 4%)
5. Wolvenberg (645 m a 7,9%)
6. Molenberg (463 m a 7%)
7. Marlboroughstraat (2.000 m a 3%)
8. Berendries (940 m a 7%)
9. Valkenberg (540 m a 8,1%)
10. Berg Ten Houte (1.100 m a 6%)
11. Kanarieberg (1.000 m a 7,7%)
12. Oude Kwaremont (2.200 m a 4%)
13. Paterberg (360 m a 12,9%)
14. Koppenberg (600 m a 11,6%)
15. Steenbeekdries (700 m a 5,3%)
16. Taaienberg (530 m a 6,6%)
17. Kruisberg/Hotond (2.500 m a 5%)
18. Oude Kwaremont (2.200 m a 4%)
19. Paterberg (360 m a 12,9%)

Seções de paralelepípedos
1. Huisepontweg (600 m)
2. Holleweg (1.500 m)
3. Kerkgate (2.500 m)
4. Caça (800 m)
6. Mariaborrestraat (2.400 m)
7. Stationsberg (600 m)


Meteorologia

Chuva de madrugada e inicio da manhã, mas durante a prova a probabilidade é baixa.
Temperaturas baixas, entre os 5 e 9ºC.
Vento moderado e forte de noroeste, cuidado com as bordures nos primeiros 50 a 60 Km.

Startlist

Aqui

Favoritos

Alpecin-Deceuninck
As abelhas são a equipa mais forte mas a Alpecin-Deceuninck não é propriamente fraca, Soren Kragh Andersen está em grande forma, na Milão-São Remo foi essencial para Mathieu van der Poel. O neerlandês já venceu a prova duas vezes e possui a aceleração mais selvagem do pelotão, se estiver num dia bom será muito complicado de ser derrotado.
Não podemos descartar que SKA seja usado taticamente e possa sair beneficiado, caso os três tenores se anulem.

Jumbo-Visma
Um autêntico luxo de alinhamento, Christophe Laporte está a voar mas com  Pogacar e van der Poel em prova as suas chances diminuem. Wout van Aert é o único capaz de seguir Pogacar e van der Poel e possui um sprint que lhe pode dar a vitória como aconteceu na E3, no entanto a distância aqui é outra, van Aert terá de estar num dia perfeito.
Tiesj Benoot é outra carta a ser jogada pelas abelhas, na DDV esteve muito forte nas subidas, mas tem o mesmo problema de Laporte conseguir seguir as acelerações selvagens de van der Poel ou os esforços mais longos de Pogacar é mais complicado.
Laporte e Benoot estão na mesma posição de SKA, serão utilizados taticamente e só ganharão caso os três tenores se anulem.

UAE
A equipa está totalmente focada em Tadej Pogacar. Tim Wellens e Matteo Trentin estarão totalmente ao serviço do esloveno. 
Para ganhar terá de endurecer a corrida desde muito cedo, o objetivo é claro: descarregar os dois amigos. E mesmo assim não é certo que consiga o objetivo, na Milão-São Remos vimos por exemplo, van der Poel completamente à vontade no Poggio enquanto Pogacar e companhia a dar tudo o que tinha.

Ineos
Ao contrário de 2022, a equipa britânica tem passado ao lado das clássicas do pavé. Ben Turner sofreu uma lesão que o limitou muito e Pidcock também teve problemas físicos.
Pidcock na antevisão da prova mostrou-se realista, mas também tem uma pequena esperança que consiga estar na decisão. 
As expectativas não são elevadas.

Trek-Segafredo
O azar tem acompanhado Jasper Stuyven nesta campanha primaveril. Mads Pedersen é a principal esperança da equipa italo-americana.
Vai ser complicado seguir os três favoritos, se Stuyven ou Pedersen anteciparem os movimentos em vez de se limitarem a ir na roda, pode ser uma estratégia interessante. Pedersen já o fez em 2018 e terminou em 2º. 

Groupama-FDJ
Stefan Kung e Valentin Madouas em 2022 terminaram perto no top-5, o francês fez mesmo pódio. São uma dupla poderosa e estão em excelente forma, lutar pela vitória é complicada mas podem beneficiar de uma corrida tática entre os três tenores.

Bahrain
Foco em Matej Mohoric com Fred Wright como plano B. O esloveno é cada vez mais um ciclista fiável neste terreno e é dos que mais toma a iniciativa, capaz de se infiltrar nos grupos com facilidade e não se limita a ir na roda. Em relação a Fred Wright, em 2022 terminou no top-10 mas este ano não tem confirmado o potencial, pouco se viu até ao momento.

EF
Neilson Powless na antevisão para um meio norte-americana pôs a fasquia elevada, mostrando ambição máxima, ou seja no lugar mais alto do pódio. Com todo o respeito por ele, achamos uma tarefa muito difícil esse sonho este ano, no entanto o ciclismo é uma caixinha de surpresas.
Realisticamente consideramos Powless um candidato ao top-10 e pelas últimas prestações o top-5 não é descabido, contra si tem a falta de experiência neste tipo de provas.
Sem Alberto Bettiol, Mikkel Honore será o plano B.

Movistar
A surpresa do ano, a equipa espanhola tem um bloco de clássicas decente. Matteo Jorgenson, Garcia Cortina e Oier Lazkano estão a andar como nunca e fizeram história para os navarros.
Apostamos que um destes estará na fuga do dia, Oier Lazkano depois da exibição surreal na DDV é um excelente candidato para essa tarefa.
Apesar do brilharete das últimas semanas, a RVV são palavras maiores e se a Movistar conseguir colocar alguém no top-10 já será um excelente resultado, o que vier depois já será bónus.

Soudal-QuickStep
Por respeito vamos dedicar-lhes umas palavras. Têm ciclistas de enorme classe, Kasper Asgreen já venceu esta prova, Yves Lampaert é um dos melhores dos últimos anos neste terreno e Julian Alaphilippe é...Alaphilippe.
No entanto, a campanha de clássicas deste ano é um desastre e todos os sinais indicam que hoje dificilmente estarão na disputa pela vitória, mas são os lobos e nunca podemos descartar um ressurreição.

★ Van der Poel 
 Pogacar, Van Aert
 Laporte, Kung, Madouas
 Mohoric, Benoot, Pedersen, Pidcock
★ Powless, Soren Kragh Andersen, 

Aposta: Mathieu van der Poel
Joker: Neilson Powless

Prova Feminina

Percurso

Oudenaarde › Oudenaarde(159 Km)


Hellingen + sectores de pavé
148 km — Tiegemberg (800 m a 5,5% a Máx 9,0%)
108,4 km — Huisepontweg (1700 m de pavé)
101,4 km — Korte Ast (500 m a 4,3% a Max. 9,6%)
89,6 km — Wolvenberg (645 m a 7,9% a Máx. 17,3%)
86,0 km — Kerkgate (1400 m de pavé)
83,3 km — Jagerij  (800 m em pavé)
77,1 km — Molenberg (463 m a 7% a Máx. 14,2% a 300 m de pavé)
73,1 km — Marlborough Street (2.040 m a Média, 3% a Máx. 7%)
69,1 km — Berendries (940 m a 7% a Máx. 12,3%)
63,8 km — Valkenberg (540 m a 8,1% a Máx 12,8%)
44,6 km — Koppenberg (600 m a 11,6 % a Máx. 22 % a 600 m de pavé)
40,6 km — Mariaborrestraat (400 m de pavé)
39,3 km — Steenbeekdries (1100 m a 3,1% a Máx. 7,6% a 1100 m de pavé)
39,2 km — Stationsberg (700 m de pavé)
36,8 km — Taaienberg (530 m a 6,6% a Máx. 15,8% a 500 m de pavé)
26,5 km — Kruisberg/Hotond (2500 m a 5% a Máx. 9% a 450 m de pavé)
16,7 km — Oude Kwaremont (2200 m a 4% a Máx. 11,6% a 1500 m de pavé)
13,3 km — Paterberg (360 m a 12,9% a Máx. 20,3% a 360 m de pavé)

Favoritas

★ Kopecky Vollering
 Van Vleuten
★ Reusser, Niewiadoma, van Anrooij
 Longo-Borghini, Ludwig, Vos
★ Lippert, Bastianelli, Georgi, Mackaij

Aposta: Demi Vollering
Joker: Pfeiffer Georgi

TV: Eurosport 1 (09:00, Lisboa)



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