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Rescaldo da 104ª Volta à França



O caminho de Chris Froome para a conquista do seu quarto Tour não foi fácil. O britânico, ao contrário das outras vitórias não teve um domínio claro. Na montanha, não ganhou qualquer segundo aos seus principais adversários, Romain Bardet e Rigoberto Uran e valeu-se dos dois contrarrelógios para se superiorizar aos rivais.
Será que Froome está a entrar em declínio? Teremos de esperar para saber se é isso que está a acontecer, na Vuelta já podemos ter uma pequena ideia.
Quem não voltou a falhar foi a sua equipa, a Sky foi a equipa mais forte, embora um pouco menos do que em 2016. Destaque para Michal Kwiatkowski que fez um Tour impressionante, deixando tudo pelo seu líder. Mikel Landa apesar das suas declarações, onde mostrou alguma insatisfação, também foi importante, apoiando Froome em momentos chaves, como por exemplo na 15ª etapa.
Dos restantes, apenas Sérgio Henao esteve bem longe do seu nível, sendo praticamente inútil na ajuda na montanha.

Rigoberto Uran foi a grande surpresa. Os tempos dourados do colombiano pareciam distantes, em 2014 foi o último ano que mostrou um nível elevado numa grande volta, foi 2º no Giro, atrás de Nairo Quintana. Sem se dar muito por ele, foi estando com os primeiros, sem perder tempo na montanha, mostrando-se inquebrável sempre que o terreno empinava. De referir que no primeiro contrarrelógio em Dusseldorf, Uran perdeu 51 segundos para Froome, na classificação final os dois ficaram separados por 54 segundos.

Romain Bardet completou o pódio. O francês em 2016 foi 2º e chegava com o objetivo de melhorar, isso queria dizer que tinha de vencer. A etapa de Peyragudes mostrou um Bardet intratável, mas a partir daí, nunca mais foi superior a Froome e Uran.
Perdeu o pódio em Marselha num contrarrelógio que lhe correu muito mal, ao ponto de ter segurado o lugar do pódio por apenas 1 segundo. No final, Bardet disse que a sua equipa fez uma corrida quase perfeita. A Ag2R-La Mondiale fez realmente uma prova muito interessante, sendo um bloco muito compacto e forte.


Aqui ficam outros destaques:
Mikel Landa, depois de ter realizado uma excelente 3ª semana do Giro, chegou ao Tour para trabalhar para Froome. Foi melhorando ao longo da prova e na montanha esteve com os melhores. No entanto, a sua participação não ficaria marcada sem polémica, na chegada a Peyragudes viu Froome a ficar para trás e em vez de ajudar o companheiro tentou a glória pessoal. Depois na etapa seguinte aproveitou a fuga de Contador para se colocar bem perto da camisola amarela. A última semana foi marcada por algumas declarações dele, onde mostravam insatisfação por não ter liberdade, mas acabou por ser importante na 15ª etapa, ao ajudar Froome a chegar ao grupo de favoritos depois de ter tido um problema mecânico.
Marcel Kittel, venceu 5 etapas, estava vestido de verde, quando foi obrigado a abandonar na 17ª etapa, depois de uma queda. Foi o melhor sprinter da edição deste, venceu todos os sprints que disputou;
- Nairo Quintana, falhou por completo no seu objetivo Giro e Tour. Foi batido em Itália por Dumoulin e chegou ao Tour fisicamente debilitado e mentalmente derrotado. O resultado fala por ti, para um ciclista que tinha feito sempre pódio nas participações no Tour, é um desastre nem estar nos 10 primeiros;
Alberto Contador, aos 34 anos, o espanhol mostrou que está longe do que já foi. Ainda tentou com o seu estilo agressivo de correr, mas foi sempre incapaz de culminar com uma vitória de etapa. Acabou em 9º.
- O regresso de Aru, o italiano voltou ao nível de 2015, depois de um ano de 2016 muito abaixo do esperado. Liderou a prova, mas na 3ª semana acabou por fraquejar. De qualquer forma, deu boas indicações para o futuro.
Simon Yates e Louis Mentjes, depois de em 2016 a classificação da juventude ter sido ganha por Adam Yates, este ano foi a vez do irmão Simon levar para casa a camisola branca. O sul-africano Mentjes voltou a ficar no segundo lugar atrás de um Yates, com a diferença de tempo a ser bastante parecida;
O 'coerente' júri da UCI, quando um ciclista é expulso por uma situação bastante duvidosa, onde não se percebe se há qualquer intenção e etapas mais tarde, outro ciclista dá um murro num colega de profissão em plena etapa e só lhe é retirado 1 minuto e é multado em 100 francos suíços, estamos conversados sobre este júri. 
Sem falar da situação rocambolesca da penalização a George Bennett e Rigoberto Uran por terem abastecido dentro dos quilómetros finais. Mas que foi retirada porque Romain Bardet também incorreu na mesma infracção e então para se resolver a situação, retira-se a penalização a todos!
- Sunweb, depois de um péssimo ano em 2016, com um acidente terrível no início do ano que prejudicou toda a temporada da equipa. A equipa este ano parece outra e os resultados estão à vista de todos. Tom Dumoulin venceu o Giro, com duas vitórias de etapas e neste Tour, foram quatro vitórias de etapa e conquista da classificação dos pontos e montanha. Do inferno ao paraíso em 12 meses.
- As condições meteorológicas, que este ano foram 'simpáticas' para os ciclistas, não me lembro de um dia com chuva e frio;
- Porte e Valverde, o espanhol não durou a primeira etapa, uma queda grave numa curva mandou-o para o hospital, terminando a temporada mais cedo. Já o australiano na descida do Mont du Chat distraiu-se e o resultado foi uma queda muito feia. As quedas fazem parte deste desporto e no Tour todos os anos, alguns dos favoritos são vítimas delas;
- A luta pela camisola verde, foi um dos pontos de interesse, principalmente quando o maior e único favorito foi expulso da prova. Demare parecia ser o homem mais indicado para ganhar, mas durou pouco, a sua má recuperação fez com que chegasse fora do tempo de controlo numa das etapas. Foi a vez de Kittel e o alemão parecia seguro, mas quando a montanha começou a acumular, Matthews recuperou muitos pontos, mas foi uma queda que o deixou de fora. Michael Matthews herdou a camisola de Kittel e só teve de chegar a Paris, numa edição para não esquecer por parte do australiano, que também venceu duas etapas.

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Melhor etapa - 13ª etapa (O ataque de Contador, com Landa a segui-lo e a colocar em risco a camisola amarela, que estava em posse de Aru nesse momento. Quintana e Barguil juntaram-se à festa e lá trás, a Sky com Froome incluído, impediram que Landa vestisse de amarelo no final do dia);

Melhor equipa - Team Sky (Não foram tão fortes como noutras edições, mas chegou perfeitamente para dominar a concorrência e ditar a sua lei. Ainda colocaram Landa no 4º lugar e venceram a classificação coletiva.);

Melhor trepador - Mikel Landa (Apesar de estar limitado por ser um gregário, o basco ainda deu o ar da sua graça. Depois de ter feito o Giro apareceu no Tour e para nossa surpresa fez uma prova fantástica, a fazer lembrar o Giro 2015);

Melhor sprinter - Marcel Kittel (Disputou cinco sprints, venceu-os todos. Não há muito mais a dizer);

Melhor gregário - Michal Kwiatkowski (Passou muitos quilómetros na frente do pelotão a trabalhar e a dar tudo pelo seu líder, fosse em terreno plano ou na montanha. Fez um trabalho monstruoso, Froome pode agradecer a este polaco, foi ele que mais contribuiu para a vitória do britânico.);

Desilusão - Nairo Quintana (Não há como escapar. Tentativa de dobradinha falhada completamente, com as coisas a azedarem no seio da equipa. O colombiano terá de pensar muito bem do que quer para o seu futuro.);

Revelação - Warren Barguil (Toda a gente já sabia do talento de Barguil. Faltava ele confirmar definitivamente no maior palco, o Tour. Perdeu tempo nas primeiras etapas e quando chegou a montanha a sério, esteve espetacular. Venceu duas etapas e ganhou a camisola da montanha de uma forma clara e sem qualquer margem para dúvidas.);

Combativo - Thomas De Gendt (O público votou e elegeu Thomas de Gendt como o mais combativo do Tour. No entanto para o júri, maioritariamente francês, Barguil foi o eleito. Para nós não há dúvidas, De Gendt foi de longe o mais combativo, o belga bateu todos os recordes de quilómetros em fuga. Foram nada mais nada menos que, 1047 quilómetros.);

Melhor momento - Não foi um Tour com momentos brilhantes. Num Tour carregado com etapas para os sprinters, escolhemos a chegada da 7ª etapa. A diferença mais pequena de sempre, 6 milímetros separaram Marcel Kittel e Edvald Boasson Hagen;

Pior momento - A expulsão de Peter Sagan;

Momento decisivo - Decorria a 15ª etapa e Chris Froome tem um problema mecânico numa altura critica e desta vez ninguém esperou, com a Ag2R a acelerar. Froome teve ajuda dos companheiros, mas fica sozinho, Landa é o único que está no grupo dos favoritos e recua, conseguindo levar Froome de regresso para junto de Bardet e Uran;


Imagem de Yuzuru Sunada.



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