Qual o futuro dos travões de disco no ciclismo profissional?
Tom Boonen com a sua Specialized Venge com travões de disco (Foto de Tim De Waele) |
A polémica sobre o uso de travões de disco continua a marcar a agenda do ciclismo profissional. Antes da última etapa do Abu Dhabi Tour, Nairo Quintana revelou a sua opinião sobre este assunto e foi bem contundente.
O colombiano ainda vai mais longe, ao abordar os travões que atualmente se utilizam.Para começar, eles (travões a disco) não travam assim tão bem! Tu ouves as bicicletas dos outros ciclistas no pelotão, quando o travão toca no rotor. Isso é uma coisa. A segunda, torna a bicicleta menos aerodinâmica. Terceira, são bem mais pesados. Por último, há o perigo que eles causam se no pelotão haverem 100 ciclistas com eles. Eles são bons para o cicloturismo ou para quem vai para uma volta de bicicleta com dois ou três colegas, mas uma prova de ciclismo profissional é outra coisa.
Não há qualquer problema com os travões que actualmente utilizamos. Eles funcionam bem, ninguém se queixou deles. Eles são mais leves e tu tens muito melhor controlo!
Quintana, também deu o exemplo do actual fornecedor de bicicletas da sua equipa, a Canyon, que tem um modelo com travões de disco.
Depois do incidente com Owain Doull na 1ª etapa do Abu Dhabi, vários ciclistas nas redes sociais mostraram-se contra a utilização em corrida de travões de disco.A nossa marca de bicicletas (Canyon) tem um modelo com travões de disco. Mas na minha opinião, não o devemos usar.
1bici con freno de disco de las 158del peloton y pasa esto!Por suerte no fue el pie,que pasaria con 158?@UCI_cycling https://t.co/p0Loai0exe— Alberto Contador (@albertocontador) 23 de fevereiro de 2017
..@owaindoull @UCI_cycling riders safety before we try new things??— Wout Poels (@WoutPoels) 23 de fevereiro de 2017
— Chris Froome (@chrisfroome) 23 de fevereiro de 2017
Depois deste incidente, Marcel Kittel, não usou mais a bicicleta com travões de disco. A UCI ainda não apurou se o que causou o corte no sapato de Owain Doull foi mesmo o disco de travão da bicicleta de Kittel. Existem algumas dúvidas.
No ano passado no Paris-Roubaix, a causa de um corte profundo na perna de Fran Ventoso foi atribuída aos discos de travão. Mais tarde descobriu-se que os discos de travão estavam inocentes!
A CPA (Associação de ciclistas profissionais) também se mostra muito critica sobre a utilização de travões de disco. O seu representante, o ciclista Adam Hansen, acusa diretamente a Specialized de pressionar o uso dos mesmos.
Acredito e esta é apenas a minha opinião, a Specialized está a pressionar o seu uso. Tom Boonen era contra o uso de travões de disco no ano passado, agora vai-se retirar este ano e já os adora. Nós temos bicicletas com travões de disco que podemos usar, mas nenhum de nós quer. As outras equipas tiveram a opção de usar travões de disco, mas ninguém quis. Não quero estar aqui a acusar ninguém, mas só os corredores da Specialized é que usam."Hansen, afirma claramente que a CPA votou contra o uso dos travões de disco na reunião que a UCI realizou para falar sobre este tema.
Este tema discutimos na CPA, já que se algum acidente acontecer, tornamo-nos responsáveis. Se reparar no que os ciclistas dizem, nós somos contra o uso deles, a UCI mesmo assim permitiu e o que acontecerá se uma lesão grave acontecer? Quem é o responsável pelo acidente? Não pode ser o Kittel, de certeza. Mas se a UCI acha que é seguro e depois prova-se que não são, para mim, parece-me claro que o responsável é a UCI.Hansen também quis deixar claro que não é contra o uso dos travões de discos, desde que haja garantia da sua segurança.
Não é que nós não queiramos os travões de disco ou qualquer melhoria nas bicicletas. Só queremos que ponham algo que proteja o disco e estaremos todos felizes.A polémica parece que está para durar. Com a batalha de palavras entre os fabricantes de bicicletas e ciclistas a aquecer, a UCI está no meio e cabe a eles decidirem.
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