Miguel Indurain - O Extraterrestre
Em 1984, a equipa Espanhola, Reynolds, integrava um jovem navarro, que tinha ido buscar à sua equipa amadora. O jovem era alto e com uma estampa física que poucos faziam crer que anos mais tarde iria fazer estragos nas montanhas de França e Itália. O jovem era Miguel Indurain, provavelmente o melhor ciclista Espanhol de todos tempos.
O palmarés de Miguélon, é verdadeiramente brilhante, mas o que foi mais impressionante na carreira do navarro, foram as suas exibições nas provas contra o relógio, assombrosas e humilhantes para os seus adversários. A grande parte dos especialistas consideram-no o melhor contra-relogista da história, uma besta em cima da bicicleta nesta especialidade. Quem não se lembra de ver Indurain no Tour de France de 1994, no contra relógio de Bergerac, realizar uma das maiores exibições de um ciclista na especialidade, o 2º classificado, Tony Rominger ficou a uns espantosos 2 minutos e o 3º a mais de 4 minutos e um dos maiores contra-relogistas da história, Chris Boardman ficou a quase 5 minutos e meio.
Foi nesse mesmo dia que o navarro aos 16 Kms dos 64, passou pelo campeão do mundo da altura, um tal de Lance Armstrong, enquanto o Espanhol parecia que ía numa mota de alta cilindrada, o pobre Americano ía de lambreta, tal era a diferença absurda de andamento. O Americano ficou a 6 minutos e 23, outro que esteve presente nesse dia foi Marco Pantani, que perdeu mais de 10 minutos!
Foi um dia histórico no ciclismo mundial e Indurain ía lançado definitivamente para a vitória do 4º Tour de France, que alcançou com muita facilidade.
Miguel Indurain a ultrapassar Armstrong no CRI de Bergerac em 1994 |
O início
7 de Setembro de 1984, Indurain estreia-se como profissional no Tour de L'avenir e nessa mesma prova iria conseguir a sua primeira vitória como professional, na 10ª etapa, num contra-relógio demonstrando logo aí o seu potencial na disciplina, no entanto acaba por não terminar a prova. Nesse mesmo ano, já tinha participado nos Jogos Olímpicos em Los Angeles, sem grande sucesso, já que também abandonou a prova de estrada.
7 de Setembro de 1984, Indurain estreia-se como profissional no Tour de L'avenir e nessa mesma prova iria conseguir a sua primeira vitória como professional, na 10ª etapa, num contra-relógio demonstrando logo aí o seu potencial na disciplina, no entanto acaba por não terminar a prova. Nesse mesmo ano, já tinha participado nos Jogos Olímpicos em Los Angeles, sem grande sucesso, já que também abandonou a prova de estrada.
1985 foi o ano, em que na Vuelta, o navarro destacou-se no prólogo, fazendo o 2º tempo, na 2ª etapa passaria para a liderança que durou 4 etapas, perdendo-a nos Lagos de Covadonga, na 6ª etapa. Conseguiu acabar a prova, apesar disso, depois da 6ª etapa, nunca mais esteve perto dos lugares dianteiros.
Julho de 1985 marcou o inicio da relação com o Tour de France, no entanto, a sua primeira experiência na prova Francesa, foi um fracasso, teve de abandonar à 4ª etapa, com uma virose.
Voltou a participar no Tour de L'avenir, onde volta a vencer o contra-relógio e adicionou uma etapa, no entanto, volta a não terminar a prova.
A melhor classificação aconteceu na Vuelta a Andaluzia, onde termina em 2º lugar da geral.
Os primeiros sinais que estavamos perante um futuro campeão
1986 é o ano, em que finalmente acaba o Tour de L'avenir, e vence mesmo a prova, com vitórias nos prólogo e contra-relógio. Vence a Vuelta a Murcia, onde venceu o prólogo com autoridade.
Participa pela 2ª vez no Tour, onde o melhor que conseguiu foi o 3º posto na 7ª etapa, no entanto, voltou a abandonar a prova.
Em 1987, foi um ano, onde o navarro evoluiu bem, demonstrando um potencial enorme. Venceu o GP de Navarra e a Vuelta a Galicia. Na semana Catalã, vence a classificação da regularidade.
Volta a participar no Tour e desta consegue terminar a prova na 97ª posição da Classificação Geral, tinha apenas 22 anos de idade.
Devido à sua evolução, é convocado para os mundiais de estrada, onde termina na 64ª posição final.
1988 é o ano que volta a participar na Vuelta, onde esteve longe do potencial mostrado anteriormente e nunca esteve bem na prova.
No Tour, trabalha para o colega Pedro Delgado, que vence a prova, Indurain termina na 47ª posição. O grande momento da temporada de Indurain aparece na Volta a Catalunha, onde vence a prova, depois de arrasar no contra-relógio. Também vence etapas na Vuelta a Galicia e Vuelta a Cantábria.
1989, foi o ano em que confirma que será um homem importante para as grandes voltas. Começa o ano a vencer o Paris-Nice e Criterium Internacional. Nas clássicas das Ardenas, faz 7º na Liége-Bastogne-Liége e 10º na Fléche Wallone.
Participa na Vuelta, mas o azar bateu-lhe à porta, quando se encontrava em 9º, cai e tem de abandonar com 2 fracturas na mão esquerda.
No Tour, trabalha para Delgado, no entanto sem grande sucesso, já que a prova acaba por ser vencida por Greg Lemond. No entanto o Tour de 89, para o navarro, tem um sabor especial, já que vence uma etapa, faz 3º lugar na cronoescalada e acaba em 17º da geral.
Miguel Indurain na alta montanha |
Era Miguel Indurain
1990 foi o ano em que se iniciou a Era Miguel Indurain. A temporada começa com nova vitória no Paris-Nice, também vence etapas na Vuelta a Comunidad Valencia e ao País Basco, nesta última prova consegue o 3º posto da geral, que repetiu na Vuelta a Burgos e no campeonato nacional de Espanha de fundo.
Vence a Clássica de San Sebastian e faz 3º na Fléche Wallone, resultados muito importantes.
Mais uma vez participa na Vuelta e consegue um interessante 7º lugar na geral final.
No entanto foi no Tour de 1990, que demonstrou ser o futuro, começa a prova como gregário de Pedro Delgado, no entanto, no 1º contra-relógio faz o 2º melhor tempo, dando sinais claros que estava forte. Na 1ª etapa de montanha, Indurain é obrigado a ficar para trás para ajudar Delgado, perdendo mais de 12 minutos nessa etapa.
Apesar disso, nas etapas seguintes e sem ter obrigações de ajudar o seu chefe de fila, Indurain demonstra que os próximos anos seriam dominados por ele. Faz 3º na cronoescalada, na etapa de montanha seguinte, faz 2º e na chegada a Luz-Ardiden bate Greg Lemond e vence a etapa. Se retirássemos o tempo que perdeu na etapa em que ajudou Pedro Delgado, Indurain venceria o Tour por alguns segundos.
Mas o que demonstrou o Tour de 1990, foi um Miguel Indurain fortíssimo em todos os terrenos.
1991 é o ano em que o navarro domina como quer o Tour, uma situação que se vai repetir em todas as vitórias no Grand Boucle, esmagando a concorrência.
No entanto o ano não começa propriamente bem, os únicos resultados interessantes, são o 4 º posto na Liége-Bastogne-Liége e a vitória no Tour de Vaucluse, vencendo o contra-relógio.
Parte para a Vuelta como o grande favorito, no entanto é surpreendentemente batido por Melchior Mauri no contra-relógio e ficou prejudicado pela escassa montanha da prova. Foi das 4 provas das grandes voltas, que ele partia como chefe de fila e não conseguiu vencer, sendo as outras o Giro 1994, Tour e Vuelta de 1996.
1990 foi o ano em que se iniciou a Era Miguel Indurain. A temporada começa com nova vitória no Paris-Nice, também vence etapas na Vuelta a Comunidad Valencia e ao País Basco, nesta última prova consegue o 3º posto da geral, que repetiu na Vuelta a Burgos e no campeonato nacional de Espanha de fundo.
Vence a Clássica de San Sebastian e faz 3º na Fléche Wallone, resultados muito importantes.
Mais uma vez participa na Vuelta e consegue um interessante 7º lugar na geral final.
No entanto foi no Tour de 1990, que demonstrou ser o futuro, começa a prova como gregário de Pedro Delgado, no entanto, no 1º contra-relógio faz o 2º melhor tempo, dando sinais claros que estava forte. Na 1ª etapa de montanha, Indurain é obrigado a ficar para trás para ajudar Delgado, perdendo mais de 12 minutos nessa etapa.
Apesar disso, nas etapas seguintes e sem ter obrigações de ajudar o seu chefe de fila, Indurain demonstra que os próximos anos seriam dominados por ele. Faz 3º na cronoescalada, na etapa de montanha seguinte, faz 2º e na chegada a Luz-Ardiden bate Greg Lemond e vence a etapa. Se retirássemos o tempo que perdeu na etapa em que ajudou Pedro Delgado, Indurain venceria o Tour por alguns segundos.
Mas o que demonstrou o Tour de 1990, foi um Miguel Indurain fortíssimo em todos os terrenos.
1991 é o ano em que o navarro domina como quer o Tour, uma situação que se vai repetir em todas as vitórias no Grand Boucle, esmagando a concorrência.
No entanto o ano não começa propriamente bem, os únicos resultados interessantes, são o 4 º posto na Liége-Bastogne-Liége e a vitória no Tour de Vaucluse, vencendo o contra-relógio.
Parte para a Vuelta como o grande favorito, no entanto é surpreendentemente batido por Melchior Mauri no contra-relógio e ficou prejudicado pela escassa montanha da prova. Foi das 4 provas das grandes voltas, que ele partia como chefe de fila e não conseguiu vencer, sendo as outras o Giro 1994, Tour e Vuelta de 1996.
O Tour, não começa propriamente em grande para o navarro, no entanto no primeiro contra-relógio começa a demonstrar que é o grande candidato ao bater Lemond. No entanto é na etapa raínha que define o Tour de 91, Indurain percebe que Lemond perde o contacto com o grupo principal no Tourmalet, na descida ataca, Lemond ao recolar ao grupo percebe que o navarro tinha ido embora, no entanto comete o erro de deixar seguir o Italiano Claudio Chiapucci. Indurain recebe a notícia e espera pelo Italiano para o ajudar, depois, foi uma fuga a 2 até ao final de etapa. Bugno ainda tentou recuperar, num episódio que fica na história, depois do ataque de Bugno o carro da equipa dele ao tentar ultrapassar o grupo de Lemond, embate no Americano.
A prova ficou decidida nesse dia, Bugno ainda tentou atacar Miguel Indurain nas restantes etapas de montanha, no entanto o navarro controlou com enorme facilidade a corrida. Ainda teve tempo para arrasar a concorrência no 2º contra-relógio, vencendo o seu primeiro Tour.
Equipa Banesto a festejar a vitória de Indurain no Tour de 1991 |
1992, Indurain tem como objectivo defender o Tour conquistado e vencer o Giro. Começa o ano com um 3º lugar na geral do Paris-Nice.
Antes de atacar o Giro, prepara-se no Tour da Romandia, onde vence o contrarelógio e acaba no 2º posto da geral.
No Giro, Indurain chega à maglia rosa, na 2ª etapa e aumenta a vantagem na 4ª, após vencer o contra-relógio. Desde aí não mais a largou e no último contra-relógio dobrou o 2ª classificado, Claudio Chiapucci. A vantagem final de mais de 5 minutos, demonstra a superioridade total e a facilidade com que dominou a prova.
O Tour de 1992, ficou marcado pelo o contrarelógio do Luxemburgo, onde consegue esmagar a concorrência. Juntamente com a exibição de 1994 em Bergerac, são apelidadas como as 2 exibições mais incríveis de um ciclista em contrarelógios. O 2º classificado ficou a uns inacreditáveis 3 minutos e Lemond a mais de 4 minutos. Depois deste contrarelógio monstruoso, é apelidado de 'Extraterrestre'.
Na montanha bastou-lhe gerir a vantagem, foi um Tour muito fácil, a diferença foi escandalosa.
A época terminou com vitórias de etapa no Trofeo Castilla y Léon e na geral da Volta a Catalunha. Que lhe permitiu acabar o ano como número 1 do ranking FICP (antecessor do ranking UCI).
1993, apostou novamente no Giro. Começou a prova Italiana ao vencer o 1º contra-relógio, mantendo a liderança, até à última etapa de montanha, onde foi atacado e acabou por sofrer muito para manter a maglia rosa. Ganhava assim desta forma o 2º Giro da carreira e poderia voltar a fazer o doblete, vencer Giro e Tour no mesmo ano.
No Tour repetiu-se a história do ano anterior, construiu uma grande diferença no 1º contrarelógio e depois geriu a vantagem na montanha. Tony Rominger acabou no 2º lugar da Geral e acabou por derrotar Indurain no último contra-relógio. No entanto Indurain durante a prova sofreu problemas de saúde, correu com febre inclusive.
Depois do Tour, venceu o Trofeo Castilla y Léon e foi 2º nos mundiais de estrada, atrás de Lance Armstrong. Acabou o ano como número 1 do ranking UCI (substituiu em 93 o FICP).
1994, o ano começou de uma forma azarada para o navarro, que teve alguns problemas, nomeadamente uma tendinite. A preparação para o Giro foi prejudicada e iria pagar estes problemas, ao não conseguir vencer a prova Italiana. Berzin venceu, Pantani foi 2º e Indurain fechou o pódio.
Foi uma desilusão para o navarro, que começou a ser questionado se seria o maior candidato a vencer o Tour. Rominger na casa de apostas estava na frente, muito mais depois de vencer a Vuelta pela 3ª vez consecutiva e de forma avassaladora.
No entanto, no primeiro contra-relógio do Tour, em Bergerac, Indurain desfez as dúvidas, aniquilou por completo todos os adversários e Rominger não foi excepção. Mas o navarro não se ficou por aqui, na primeira etapa de alta-montanha decidiu atacar no Hautacam, deixou toda a gente para trás, apenas Luc Leblanc aguentou. Mais um Tour ganho com imensa facilidade pelo navarro.
A parte final da época, foi marcada pelo tentativa do record da hora, ao qual conseguiu bater o tempo de Chris Boardman, no entanto, a marca durou apenas 2 meses, Tony Rominger bateria o record.
Acabou o ano na 2ª posição do ranking UCI.
1995, Indurain decidiu apenas participar no Tour, não fazendo nem Vuelta, nem Giro. A sua época foi planeada apenas tendo em atenção a prova Francesa. Vence o contra-relógia da Vuelta a Aragón e vence a geral da Midi Libre e Dauphiné Libéré.
O Tour, mais uma vez foi um passeio, desta vez, não decidiu a prova no contra-relógio, já que apenas venceu-o com 12 segundos de vantagem sobre Bjarne Riis. A etapa onde decidiu foi na subida para La Plagne, onde atacou e deixou todos os seus rivais longe. No último contra-relógio, voltou a vencer e confirmou o seu 5º Tour consecutivo. O primeiro a conseguir vencer 5 consecutivos e juntava-se a Anquetil, Merckx e Hinault no clube dos 5.
Depois da prova Francesa, vence o campeonato do mundo de contra-relógio com extrema facilidade, acabando o ano em 3º do ranking UCI.
O fim do ET
1996, a preparação foi igual à do ano anterior, vence a geral na Midi-Libre e na Bicicleta Vasca. Volta a não fazer o Giro, apostando a época toda no Tour.
O Tour não lhe corre nada bem desde do primeiro dia, o tempo também não ajuda. Na primeira etapa de montanha perde muito tempo para os favoritos. No entanto nas etapas seguintes de montanha tenta recuperar tempo, mas não consegue, até que no Hautacam, Riis atacou muito forte, o navarro não resiste e perde todas as hipóteses de vencer a prova. Riis acabou por confessar que venceu esse Tour dopado, com um hematócrico de 60%.
Apartir desse momento passou a concentrar-se em vencer o contra-relógio dos jogos Olímpicos, que acabou por conseguir de uma forma brilhante.
A equipa insistiu que o navarro deveria participar na Vuelta, obrigando-o a partir para a prova espanhola, o que o irritou solenemente. Viria a desistir na 13ª etapa, nos Lagos de Covadonga.
A obrigação de participação na Vuelta, fez com que rompesse com a equipa Banesto. Ainda se especulou que poderia vir a assinar pela rival ONCE.
Não se confirmou e Miguel Indurain anunciou a sua retirada no dia 02 de Janeiro de 1997.
Grandes Volltas
- 5 vitórias da geral do Tour de France (1991-1995)
- 12 vitórias de etapa no Tour de France
- 2 vitórias da geral do Giro d'Italia (1992 e 1993)
- 3º da geral do Giro d'Italia en 1994
- 4 vitórias de etapa no Giro d'Italia
- 2º da geral na Vuelta a España
Provas por etapas
- 2 vitórias da geral do París-Nice (1989 e 1990)
- 3 vitórias da geral da Volta a Catalunya (1988, 1991 e 1992)
- 2 vitórias da geral do Dauphine Libere (1995 e 1996)
- 1 vitória da geral na Bicicleta Vasca (1996)
Provas de un dia
- 1º Clásica de San Sebastián 1990
- 1º Clásica a los Puertos en 1993
- Medalla de oro no contra-relógio dos Juegos Olímpicos de Atlanta 1996
- Campeaõ do mundo de contra-relógio em 1995
Ranking UCI
- Vitória em 1992 e 1993
- nº2 em 1994
- nº3 em 1995
Record da hora
- 1994 – 53,040 quilómetros
Record da hora
- 1994 – 53,040 quilómetros
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