Guia da Volta à Flandres 2022
Hoje disputa-se o último monumento do ciclismo do ano, é dia da mítica
Volta a Flandres. Será a 104ª edição da principal competição da região que
vive o ciclismo com mais paixão, a Flandres. Esta prova é a preferida de
muita gente que acompanha de perto ciclismo, porque realmente é única, com
um ambiente especial e que resume bem o significado que tem o ciclismo para
esta zona do globo.
Os seus inúmeros Hellingen's, que nós por cá traduzimos como
subidas, colinas ou muros, com pavé à mistura e a
quilometragem a rondar os 270 quilómetros (este ano mais curta) faz desta
clássica uma das mais duras do calendário velocipédico mundial.
São seis os ciclistas que partilham o maior número de vitórias na prova,
com três vitórias cada um temos: Achiel Buysse (1940, 1941 e 1943), Fiorenzo
Magni (1949, 1950 e 1951), Eric Leman (1970, 1972 e 1973), Johan Museeuw
(1993, 1995 e 1998), Tom Boonen (2005, 2006 e 2012) e Fabian Cancellara
(2010, 2013 e 2014).
Em termos de ranking de vitórias por país, o grande dominador é sem grande
surpresas, a Bélgica:
1.Bélgica-69
2.Itália-11
3.Holanda-11
4.Suiça-4
5.França-3
6.Alemanha-2
6.Dinamarca-2
7.Reino Unido-1
7.Noruega-1
7.Eslováquia-1
A partida e a chegada tem variado ao longo da história da prova, até ao anos
70, a partida tinha sido sempre realizada da cidade de Gent,
aqui ficam a diferentes variantes utilizadas ao longo dos anos:
1913-Gent – Mariakerke
1914-Gent – Evergem
1919–1923 Gent – Gentbrugge (Arsenal)
1924–1927 Gent – Gent (pista)
1928–1941 Gent – Wetteren
1942–1944 Gent – Ghent (pista)
1945–1961 Gent – Wetteren
1962–1972 Gent – Gentbrugge
1973–1976 Gent – Meerbeke
1977–1997 Sint-Niklaas – Meerbeke
1998–2011 Brugges – Meerbeke
2012-2016 Brugges - Oudenaarde
2017-?? Antuérpia - Oudenaarde
História
Em 1913 a principal prova era a Volta à Bélgica, sendo que a
Liège-Bastogne-Liège e as outras provas de um dia ainda não tinham atingido
grande popularidade. A revista Sportwereld ao assistir à
vitória de Odile Defraye na Volta à França de 1912, decidiu que era tempo de
se criar uma grande prova na Flandres, Karel van Wijnendaele um dos
fundadores da revista organizou a 1ª edição.
A Volta à Flandres desde cedo esteve fortemente ligada à identidade da
Flandres, a intenção era concorrer e contrabalançar o domínio francês e da
Valónia no ciclismo. Este facto, politizou a prova e fez com que uma grande
parte das equipas francesas não participassem na mesma. Desta forma o
pelotão não contou com os melhores corredores da época.
A primeira edição foi ganha por Paul Deman, num sprint de um grupo de
cinco. No total participaram 37 corredores que iniciaram a jornada épica de
324 quilómetros, após Van Wijnendaele proferir a seguinte expressão:
"Heeren, vertrekt!". Os primeiros completaram a prova em 12 horas, 3 minutos
e 10 segundos.
Em 2017, Philippe Gilbert protagonizou uma das cavalgadas solitárias mais
memoráveis da história da prova, ao isolar-se a mais de 50 quilómetros da
meta no Oude Kwaremont e nunca mais foi apanhado. Nos últimos dois anos a
prova foi decidida num sprint entre dois ciclistas, Mathieu van der Poel
bateu Wout Van Aert em 2020 e perdeu com Asgreen em 2021.
últimos 10 vencedores
2012 Tom Boonen (Bel) Quick Step
2013 Fabian Cancellara (Swi) RadioShack-Leopard-Trek
2014 Fabian Cancellara (Swi) Trek Factory Racing
2015 Alexander Kristoff (Nor) Team Katusha
2016 Peter Sagan (Svk) Tinkoff
2017 Philippe Gilbert (Bel) Quick-Step Floors
2018 Niki Terpstra (Hol) Quick-Step Floors
2019 Alberto Bettiol (Ita) EF
2020 Mathieu van der Poel (Ned) Alpecin-Fenix
2021 Kasper Asgreen (Den) Deceuninck-QuickStep
Percurso
Antuérpia - Oudenaarde (272,5 Km)
O percurso deste ano tal como nas últimas edições tem como ponto crucial a
combinação Oude Kwaremont e Paterberg,
Oude Kwaremont abre as hostilidades com 100 Km percorridos. O Paterberg
será transposto por duas ocasiões, a segunda será a última subida do dia,
enquanto que o Oude Kwaremont será ultrapassado por três vezes. A principal
seleção deverá ser na primeira passagem pela sequência, Oude
Kwaremont+Paterberg, a cerca de 55 Km do final e repete-se bem no final da
corrida, com o Paterberg a ser a última subida do dia, a 14 Km da
meta.
Depois da primeira passagem pela sequência do Kwaremont+Paterberg aparece
uma sequência de subidas decisiva que continuará a selecionar, inclui
o Koppenberg, Steenbeekdries, Taaienberg e Kruisberg.
Aqui ficam as18 subidas (Oude Kwaremont e Paterberg repetem):
1. Oude Kwaremont (2.200m a 4%)
2. Kortekeer (1.000m a 6,2%)
3. Achterberg (1.500m a 4,4%)
4. Wolvenberg (645m a 7,9%)
5. Molenberg (463m a 7%)
6. Marlboroughstraat (2.000m a 3%)
7. Berendries (940m a 7%)
8. Valkenberg (540m a 8,1%)
9. Berg Ten Houte (1.100m a 6%)
10. Kanarieberg (1.000m a 7,7%)
11. Oude Kwaremont (2.200m a 4%)
12. Paterberg (360m a 12,9%)
13. Koppenberg (600m a 11,6%)
14. Steenbeekdries (700m a 5,3%)
15. Taaienberg (530m a 6,6%)
16. Kruisberg/Hotond (2.500m a 5%)
17. Oude Kwaremont (2.200m a 4%)
18. Paterberg (360m a 12,9%)
Meteorologia
Existe possibilidade de chuva.
Temperaturas baixas, entre os 5 e 7ºC.
Vento fraco a moderado de norte.
Startlist
Aqui
Favoritos
Deceuninck-QuickStep
Não está a ser uma temporada de clássicas para os lobos. Kasper Asgreen
parece ser a grande esperança da equipa, é um dos melhores classicomanos
do planeta e está numa forma decente.
Florian Senechal, Yves Lampert e Zdenek Stybar têm desiludido, mas nunca
os devemos subestimar, os lobos estão feridos e o orgulho está em
jogo.
Jumbo-Visma
De longe a melhor equipa das clássicas até ao momento, mas Wout van Aert
não estará presente devido ao Covid. Sendo assim as abelhas partem como
outsiders, mas têm peças que podem lançar o pânico, Christophe Laporte e
Tiesj Benoot estão em grande forma e Mike Teunissen é um ciclista
experiente neste tipo de terreno.
Ineos
Tom Pidcock deu sinais positivos a meio da semana, junta-se a Dylan van
Baarle e Jonathan Narvaez, é um trio poderoso e que pode atacar a corrida
de diversas formas. Magnus Sheffield e Ben Turner também têm dado boas
indicações, podem ser ciclistas importantes no apoio ao trio.
Trek-Segafredo
Mads Pedersen e Jasper Stuyven são os líderes da equipa americana. O
dinamarquês começou a temporada muito forte, mas nas últimas provas tem
vindo a perder gás e a sequência de subidas pode o apear como nas últimas
três edições. Jasper Stuyven tem feito o percurso inverso, começou pior e
tem vindo a melhorar, é um ciclista que se adapta melhor a uma corrida
ofensiva.
Mathieu Van der Poel
Regressou à competição na Milão-São Remo e mostrou logo que podia ganhar, continuou a demonstrar fortaleza na Coppi Bartali e a meio da semana deu espetáculo na DDV.
Sem o seu grande rival, é o favorito número 1, um talento único que nas últimas duas edições fez 1º e 2º.
Tadej Pogacar
O fenómeno esloveno experimenta pela primeira vez um monumento do
norte e ninguém ficava admirado se conseguir estar na disputa. Tem
potência e técnica para estar entre os melhores e vai estar frio, ele
adora temperaturas baixas e se chover ainda melhor.
Além do mais, é um ciclista de fundo, quanto mais longa a prova melhor e
não se deve subestimar o seu sprint, principalmente depois de 5-6 horas a
pedalar.
Anthony Turgis
Foi 2º na Milão-São Remo e depois da campanha de clássicas do ano passado é um dos ciclistas mais fiáveis neste terreno.
Matej Mohoric
Vencedor do primeiro monumento e que depois confirmou no empedrado, foi
4º na E3 e 9º na Gent-Wevelgem.
O esloveno adora distâncias longas e está cada vez mais versátil, o único
problema é o sprint, que não é mau mas está longe de ser fantástico.
Stefan Kung
Chega numa forma incrível e tem mostrado isso em todas as clássicas que
disputou este ano. Está a subir como nunca, mas tem o mesmo problema de
Mohoric, não dispões de um sprint poderoso. Por outro lado, não se pode dar
muitos metros de avanço ao suiço, é um dos melhores contrarrelogistas do
mundo.
Outros: van Avermaet, Naesen, Matthews, Madouas, Campenaerts
★★★★★ Van der Poel
★★★★ Pogacar, Asgreen
★★★ Laporte, Kung
★★ Mohoric, Benoot,
Stuyven, Pidcock, Turgis
★ Van Baarle, Pedersen, van Avermaet, Naesen, Matthews, Madouas, Campenaerts
Aposta: Mathieu van der Poel
Joker: Tiesj Benoot
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Prova Feminina
Percurso
Oudenaarde › Oudenaarde(159 Km)
Hellingen
69 Km - Wolvenberg (645m a 7,9%, max. 17,3%)
81,5 Km - Molenberg (463m a 7%, max 14,2%)
85,5 Km - Marlboroughstraat (2040m a 3%, max. 7%)
89,5 Km - Berendries (940m a 7%, max. 12,3%)
94,8 Km - Valkenberg (540m a 8,1%, max. 12,8%)
114 Km - Koppenberg (600m a 11,6 %, max. 22 %)
121,8 Km - Taaienberg (530m a 6,6%, max. 15,8%)
132,1 Km - Kruisberg-Hotondberg (2500m a 5%, max. 9%)
141,9 Km Oude Kwaremont (2200m a 4%, max. 11,6%)
145,3 Km - Paterberg (360m a 12,9%, max. 20,3%)
Favoritas
★★★★★ Van Vleuten
★★★★ Van Dijk, Vos
★★★ Balsamo, Kopecky
★★ Longo-Borghini, Ludwig, Vollering
★ Bastanielli, Ludwig, Brown, Norsgaard, Brennauer. Chabbey
Aposta: Annemiek Van Vleuten
Joker: Elise Chabbey
Seguir em direto: #RVV, @FlandersCLnews, #flandersclassics
TV: Eurosport 1 (09:00, Lisboa)
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