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Cadel Lee Evans, o 'Cuddles'

Cadel Lee Evans, também conhecido por 'Cuddles', abandonou  o ciclismo profissional este domingo, fechando a carreira numa prova realizada em seu nome, que serviu para a sua despedida.
O Australiano, ficará sempre conhecido por ter vencido o Tour em 2011, tornando-se no primeiro e até à data, único vencedor oriundo do país dos Cangurus. No entanto a carreira do 'Cuddles' tem muito mais para contar que apenas essa vitória.

O início no BTT (Mountain Bike)

Nascido na Austrália, em Katherine, no Território do Norte, Evans começou a relação com as bicicletas, através do BTT (MTB).
Era conhecido nessa época, pelo 'Pulmão', porque o Instituto Australiano do Desporto determinou que ele tinha uma capacidade de absorver oxigénio superior a 99,9% da população terrestre. 
A carreira no BTT foi muito positiva, com vários grandes resultados, em 1995 foi medalha de bronze na prova dos campeonatos do mundo júniores de BTT e também no campeonatos do mundo júniores de contra-relógio de estrada, a na altura corria pelo Instituto Australiano do Desporto. 
Mas os grandes feito do Australiano no 'pneu largo', aconteceu nos anos de 1998 e 1999, onde venceu a Taça do Mundo da especialidade, batendo nos dois anos, um dos grandes da modalidade, o Francês, Miguel Martinez.

Cadel Evans no BTT
A transição para a 'fininha'

A transição não foi tranquila, nos primeiros anos o Australiano teimava em não mostrar muito sinais de evolução, mesmo tendo trabalhado com Michele Ferrari durante o verão de 2000. O Australiano afirma 'apenas' ter feito alguns testes de treino, a verdade é que Cadel Evans pouco evoluiu nessa altura.
Já é sobre a tutela de Aldo Sassi na Mapei que o 'Cuddles' começa a apresentar grande melhorias. Em 2001 tinha corrido na equipa Italiana, Saeco, onde venceu a Volta à Austria e em 2002 chega à Mapei e Sassi começa a trabalhar com ele. A ligação ao treinadoré tão forte que em 2011, quando o Australiano vence o Tour, dedica a vitória a Sassi que tinha falecido em 2010. Os resultados começaram a aparecer, 14º no Giro (envergou a maglia rosa durante 1 dia), 3º no Tour da Romandia, 6º no País Vasco, 3º na Settimana Coppi-Bartali, 10º no Paris-Nice e 4º no Tour Down Under. Os resultados são excelentes e de uma regularidade impressionante.

Cadel Evans com as cores da Mapei
Depois da Mapei, ruma à equipa Alemã Telekom, onde fica duas temporadas, os resultados começaram a aparecer apenas na segunda temporada na Alemanha. Vence a Volta à Austria e 4º no Milão-Turim e no Giro da Lombardia, estes últimos resultados demonstram que o Australiano também não fraco nas provas de um dia.

A confirmação

Em 2005, 'Cuddles' muda-se para os Belgas da Davitamon-Lotto, onde fica na estrutura da equipa até 2009.
E foi em 2005, que o Australiano começa a dar sinais que poderia ser um candidato nas grandes voltas. É 8º no Paris-Nice, 9ª na Fléche-Wallone, 5ª na Liége-Bastogne-Liége e na Volta a Alemanha. Mas é no Tour que dá mostras da sua grande evolução, conseguindo um 8º lugar da geral.
Em 2006, Evans volta a ter resultados de grande qualidade, 7ª na Volta à Califórnia, 8º no País Basco, mas o melhor momento do ano para ele, acontece na Romandia, onde consegue vencer a prova, batendo Contador e Valverde. Prova ganha na última etapa, através de um contra-relógio.
Na Suiça, prova que preparava o Tour, faz 10º lugar, não era brilhante, para quem tinha ganho na Romandia, mas no Tour Cadel Evans iria definitivamente confirmar que seria um candidato a vencer nos próximos anos, consegue terminar à porta do pódio, 4º lugar da geral.

Depois de 2006, Cadel Evans já era um nome a ter em conta no Tour, um candidato forte à vitória final.
Começa o ano de 2007 com um 7º posto no Paris-Nice, seguido de alguns resultados menos conseguidos, na Romandia não consegue defender o título, ficando-se pelo 5º lugar final. No entanto no Critérium du Dauphiné Libéré, acaba no 2º posto da geral, dando grandes sinais para o Tour.
E no Grand Boucle, 'Cuddles' confirmaria o grande momento, conseguindo o 2º lugar final da geral atrás de um Contador demasiado forte. Evans também venceu uma etapa, o contra-relógio na 13ª etapa.
Evans, depois estaria presente na Vuelta, onde ficou em 4º da geral, foi 5ª nos mundiais de estrada e 6º no Giro Dell'Emilia e Giro da Lombardia.

Em 2008, os resultados continuaram a aparecer de uma forma muito constante e regular, que foi uma das características mais marcantes da carreira do Australiano.
É 3º na Andaluzia, vence a Settimana Coppa-Bartali, é 2º no País Basco e Fléche Wallone, 7º na Liége-Bastogne-Liége, 2º no Critérium du Dauphiné Libéré e mais uma vez no Tour faz 2º da geral, pelo segundo ano consecutivo, desta vez batido por Carlos Sastre.
Fecha o ano com o 5º lugar no contra-relógio dos Jogos Olímpicos, a regularidade do Australiano impressiona.
2009 fica marcado pela vitória no campeonato do mundo de estrada, que consegue amenizar a desilusão total que foi o Tour para o Australiano. Além da conquista da camisola do arco-íris, Evans continuou a ter resultados regulares. 2º na Settimana Coppa-Bartali, 4º no País Basco, 5º na Fléche Wallone, 7º na Romandia, 2º no Dauphiné, 3º na Vuelta e 4º no Giro Dell'Emilia são os resultados que mais se destacam.

Cadel Evans no pódio dos campeonatos do mundo em 2009
2010, Evans muda-se para BMC, mais uma vez fica marcado pela desilusão no Tour, depois de dois segundos lugares, o Australiano tem dois anos completamente desastrados na prova.
No entanto a sua regularidade em obter bons resultados ao longo do ano é impressionante. 6º no Tour Down Under, 4º em Lugano, 3º no Tirreno-Adriático, 6º no Critérium Internacional, vence a Fléche-Wallone, 4º na Liége-Bastogne-Liége, 5º no Giro, onde vence a classificação por pontos e finalmente 3º no GP Wallonie.

2011, marca o ano em que Cadel Evans vence o Tour e inscreve o seu nome na história do desporto Australiano. A prova foi vencida em dois momentos fundamentais, na etapa do Galibier, quando Andy Schleck consegue fugir e culminar a etapa com uma vitória épica, Evans foi obrigado a perseguir, limitando a perda de tempo para o Luxemburguês a pouca mais de 1 minuto e o segundo momento-chave foi o contra-relógio final, onde o Australiano conquista a camisola amarela. 
A temporada do Australiano é simplesmente sensacional, o nível de regularidade atinge o auge. Vence o Tirreno-Adriático, Romandia e Tour, faz 2º no Dauphiné e 7º na Catalunha e USA Pro Challenge.

Cadel Evans no pódio em Paris, 2011

A fase descendente

Depois da temporada brilhante, 2012 marcava um enorme desafio para Evans. Defender o Tour conquistado seria muito complicado e isso foi confirmado em Julho, o Australiano foi incapaz de melhor que o 7º lugar. Apesar de tudo, ainda conseguiu dois resultados interessantes, vence o Critérium e 3º no Dauphiné.
Em 2013, Evans queria apagar a temporada anterior e demonstrar que estava de volta à melhor condição, o melhor momento foi a boa actuação no Giro, embora muito longe de um super-Nibali.
3º em Omã e Giro foram os melhores resultados, no Tour acabou num longínquo 39º posto da geral.

A melhor fase da carreira estava ultrapassada e as dúvidas sobre o futuro do Australiano começaram a pairar no ar. 2014 seria um ano em que Cadel Evnas mostrou alguns bons resultados, mas nas grandes voltas o seu desempenho já estava bem longe doutros tempos.
Os melhores resultados do ano foram a vitória no Giro de Trentino, o 2º no Tour Down Under, 6º no Utah  7º no Strade Bianche e País Basco e 8º no Giro.

A 25 de Setembro de 2014, o Australiano anuncia o fim da carreira para a altura que seria realizada a 1ª edição do Cadel Evans Great Ocean Road Race.
Hoje, dia 1 de Fevereiro de 2015, foi realizada a 1ª edição da prova dedicada a Cadel Evans, no entanto esta prova ficará sempre na memória dos amantes da modalidade, não por quem ganhou, nem pela corrida em si, mas sim pelo o facto de ter sido a despedida do 'Cuddles'.

Cadel Evans será sempre recordado, pela vitória do Tour em 2011, mas também pela regularidade extrema e claro pelo campeonato do mundo de 2009. Não se tratando de um corredor muito espectacular, muitas vezes acusado de ser 'defensivo', Cadel evans não deixa de ser uma das grandes figuras da última década da modalidade, um corredor bastante fiável, que além das provas por etapas também se desenrascava muito bem nas provas de um dia.

Hoje, o ciclismo assistiu à despedida de 'Cuddles' e todos nós, adeptos da modalidade, apenas temos de agradecer ao Australiano os 15 anos de ciclismo que nos deu. Obrigado Cadel!

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